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Diferenças entre carne bovina de boi a pasto e confinado

O Farmnews destaca artigo de Juliana Chini que apresenta as diferenças da carne de boi a pasto e boi confinado.

Entenda os diferentes tipos de produção e como influenciam na carne que você come.

A maior parte da produção brasileira de carne bovina é produzida a pasto, sendo apenas 3% de todo o rebanho são estimados que sejam terminados em sistema intensivo (confinado).

Porém, em um dos estudos da própria Juliana Chini, ela destaca que a imagem da produção de carne bovina, para os consumidores entrevistados foi formada pelo atributo “confinamento”, o que pode demonstrar a falta de informação sobre como a nossa carne é produzida.

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Você já deve ter ouvido falar sobre a produção de boi a pasto e confinado, mas você sabe no que elas se diferenciam?

Boi a pasto: é o sistema de criação que os animais crescem livres no campo. Eles podem se alimentar do próprio pasto e/ou de ração.

Boi confinado: é o sistema de criação em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou locais com área restrita, onde os alimentos (ração) e a água necessários são fornecidos em cochos. Esse sistema de criação visa acelerar a engorda otimizando o processo produtivo.

Veja os diferenciais nutricionais entre a carne de boi a pasto e confinado

Ômega 3:

Os ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 são ambos importantes para a saúde. Nosso corpo não tem as enzimas para produzi-los e, portanto, só conseguimos obtê-los através da alimentação.

Por isso, são chamados de “essenciais” e, caso se não os consumimos, ou seja, a deficiência destes ácidos podem nos levar a algumas doenças.

A ingestão do ômega 3 auxilia na diminuição dos níveis de triglicerídeos e colesterol ruim LDL, enquanto pode favorecer o aumento do colesterol bom HDL, além de ter um papel importante em alergias e processos inflamatórios.

O Ômega 6, assim como o Ômega 3, também pertence às conhecidas gorduras boas.

O Ômega 6, embora seja um importante nutriente para o organismo, quando consumido em excesso e havendo um desequilíbrio com o ômega 3, acaba se tornando pró inflamatório, enquanto ômega 3 favorece a ação do sistema imunológico e têm um efeito anti-inflamatório.

O excesso de inflamação pode ser um dos principais condutores das doenças mais graves que tratamos hoje, incluindo doenças cardíacas, síndrome metabólica, diabetes, artrite, Alzheimer, muitos tipos de câncer.

A busca pelo equilíbrio entre estes dois ácidos graxos está relacionada com os processos bioquímicos que ocorrem após a sua ingestão.

Estudos mostram que a razão entre Ômega 6/3 difere conforme a alimentação do gado e que é menor em animais terminados em pasto. Para a Organização Mundial da Saúde, a razão de consumo de ômega 6/3 ideal deve estar abaixo de 4.

As carnes de boi a pasto possuem essa relação abaixo de 4, como destaca os dados de revisão de literatura apresentado por Juliana.

Vitamina A – Betacaroteno

Betacaroteno, um antioxidante lipossolúvel, é derivado do nome latino cenoura, que pertence à família dos químicos naturais conhecidos como carotenos ou carotenoides

A vitamina A é uma vitamina lipossolúvel essencial, importante para a visão normal, crescimento dos ossos, reprodução, divisão e diferenciação celular.

Estudos apontam que o boi a pasto incorpora quantidades significativamente maiores de betacaroteno nos tecidos musculares quando comparados aos animais confinados.

Vitamina E

A vitamina E é também uma vitamina lipossolúvel com atividade antioxidante poderosa. Os antioxidantes protegem as células contra os efeitos dos radicais livres.

Os radicais livres são subprodutos potencialmente danosos ao metabolismo orgânico, e podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas tais como câncer e doenças cardiovasculares.

Estudos têm mostrado que animais criados e alimentados a pasto possuem maior quantidade de vitamina E do que os animais criados em confinamento.

Gordura

A gordura também está relacionada à alimentação do gado.

Os animais criados a pasto apresentam menor concentração de gordura, por apresentarem carcaças mais magras e por terem sido abatidos com peso mais baixo.

Por serem alimentados com ração, os animais de confinamento tendem a apresentar maiores níveis de gordura. Além disso, os animais a pasto, por serem criados livres, se movimentam mais, o que também interfere na quantidade de gordura.

Um bife de cerca de 170 gramas produzido em confinamento possui 4,4% de gordura, enquanto o bife produzido a pasto possui 2,8% de gordura. Porém, a composição da gordura entre os dois tipos de carne também difere.

A carne produzida a pasto tem desvantagens nesse sentido, com mais gordura saturada e menos gordura monoinsaturada, enquanto a carne produzida com grãos tem mais gordura monoinsaturada do que saturada.

A carne produzida à base de milho teria vantagens nutricionais, já que a gordura monoinsaturada melhora a palatabilidade, aumenta o colesterol “bom” e reduz os sintomas de diabetes tipo II.

CLA

O CLA (ácido linolêico conjugado) é um ácido graxo, uma das substâncias que compõe o que se chama de gorduras ou lipídeos.

Nas 2 últimas décadas, numerosos benefícios de saúde foram atribuídos ao CLA em experimentos animais, incluindo ações para reduzir a carcinogênese, aterosclerose, estabelecimento da diabetes e massa corporal gorda.

Os estudos demonstraram que a carne do gado a pasto tem 200 a 500% mais CLA em proporção aos ácidos graxos totais que a carne de gado com dieta baseada principalmente em grãos.

Mas, afinal, qual é a melhor carne, de boi a pasto ou confinado?

Ambas possuem pontos positivos e negativos.

Porém, é importante que você saiba que nem toda carne de boi a pasto possuem estes benefícios, pois eles dependem da qualidade do pasto, manejo e outros fatores.

E estes animais passam por períodos de seca e, desta forma, para alcançar o peso de abate levam mais tempo do que animais confinados, que tem fornecimento de alimento para suprir o ganho de peso durante todo o período.

Se os animais criados em pasto demorarem mais tempo para alcançar o peso de abate, ocorre o aparecimento das ligações cruzadas intra e intermoleculares do colágeno, que se tornam estáveis molecularmente, de difícil desnaturação, tornando a carne mais dura após o cozimento.

Este é um dos motivos que muitos produtores criam o gado a pasto até ele completar cerca de 20 meses (dependendo da raça) e depois em confinamento por cerca de 4 meses (conhecido como terminação em confinamento).

Então, não é este artigo que vai dizer qual carne é a melhor. Você, como consumidor, tem a missão de conhecer sobre a carne que consome e decidir qual a melhor para o seu consumo.

Felizmente, a pecuária avança cada vez mais e há muitos produtores que conseguem obter o melhor tanto do pasto quanto do confinamento, garantindo que a carne possua vitaminas, ômega 3 e maciez.

E como eu sei se a carne foi produzida a pasto ou mesmo o modo de produção?

Ainda há poucas iniciativas que diferenciem a carne produzida a pasto da de confinamento. Isto ocorre porque, nas produções em escala, o gado se mistura quando chega ao frigorífico e, assim, fica difícil diferenciar.

Visualmente, a gordura da carne de boi a pasto é mais amarelada, por causa do betacaroteno, enquanto a de confinamento possui gordura mais esbranquiçada.

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Ivan Formigoni

Zootecnista, Fundador do Farmnews e interessado em fornecer informações úteis aos nossos leitores!

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