quinta-feira, dezembro 4, 2025

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Futuro da carne e seus desafios globais: Rupert Claxton do GIRA

Rupert Claxton, no Congresso Mundial da Carne, analisou o futuro da carne, ressaltando a crescente demanda mundial e os desafios de atender esse maior consumo!

Vale lembrar que o Congresso Mundial da Carne (WMC – World Meat Congress) está sendo realizado no Brasil pela primeira vez, consolidando o País como referência em produção sustentável de carne. Clique aqui e saiba mais sobre o evento!

Durante o Congresso Mundial da Carne (World Meat Congress – WMC), Rupert Claxton, da consultoria britânica Gira, apresentou uma das análises mais contundentes sobre o momento e o futuro da indústria global de proteína animal. Seu diagnóstico é claro: a demanda por carne segue forte e deve continuar crescendo nas próximas décadas — mas a base de produção atual está desequilibrada, sob pressão e carece de confiança e coesão.

Claxton propôs uma reflexão franca sobre as contradições que moldam o setor. Abaixo, os principais pontos que marcaram sua apresentação.


1. Produtividade tem custo — e ele recai sobre o consumidor

A busca por eficiência e aumento de produtividade é inevitável, mas ela tem um preço. O avanço tecnológico e as novas exigências ambientais e sanitárias elevam os custos de produção, que acabam sendo repassados ao consumidor final.

Para Claxton, a indústria precisa tornar essa conversa mais transparente, explicando de forma justa como o custo de produzir de forma sustentável será compartilhado entre produtores, processadores e consumidores.


2. A crise silenciosa da mão de obra rural

Um dos maiores desafios globais é o envelhecimento da população agrícola e a falta de sucessores. Jovens preferem empregos urbanos com salários mais altos, deixando as fazendas sem reposição geracional.

A escassez de mão de obra é hoje um problema universal — do Iraque à Inglaterra, dos EUA ao Japão — forçando muitos produtores a recorrer a trabalhadores estrangeiros e pressionando salários no campo.

Claxton foi direto: “Se quisermos manter as pessoas na indústria, teremos que pagar mais. A questão é — quem paga essa conta?”


3. Escala versus preferências do consumidor

A sustentabilidade financeira da produção de carne depende de escala, mas os consumidores demandam modelos mais artesanais, com animais criados ao ar livre. Essa tensão entre eficiência e percepção pública é um dilema global.

O exemplo do Japão ilustra bem a contradição: o número de produtores caiu drasticamente, mas a escala das fazendas aumentou — e, ainda assim, o país importa metade da carne que consome.


4. A nova geografia da produção

Enquanto países desenvolvidos enfrentam restrições regulatórias e sociais para expandir ou modernizar suas fazendas — como no Reino Unido, onde novos projetos agrícolas são frequentemente barrados —, nações em desenvolvimento estão acelerando.

Claxton citou o caso da China, onde a megainstalação Muyao, com 21 edifícios e capacidade de produzir mais de 2 milhões de aves por ano, foi construída com apoio do governo.

A conclusão é clara: a expansão da capacidade produtiva tende a ocorrer em países emergentes, especialmente para monogástricos, enquanto a pecuária de ruminantes seguirá mais dependente de sistemas tradicionais.


5. Falta confiança para investir

Produtores hesitam em investir em infraestruturas de longo prazo — como novos confinamentos ou plantas de processamento — porque não acreditam na rentabilidade dos próximos cinco anos.

A incerteza econômica, somada à volatilidade de preços, doenças e políticas ambientais cada vez mais rígidas, cria um ambiente de baixa confiança e pouca previsibilidade.


6. Falta de coesão global

Claxton também criticou a falta de alinhamento entre indústria, governos e sociedade. Enquanto a demanda por carne cresce, a base produtiva está limitada por fatores climáticos, sanitários e regulatórios.

“Os políticos não se unem, e a indústria ainda não fala com uma só voz”, afirmou. Para ele, o desafio é construir uma resposta coordenada e equilibrada às pressões de bem-estar animal, meio ambiente e segurança alimentar.


7. Otimismo cauteloso

Apesar de reconhecer os obstáculos, Rupert Claxton encerrou sua fala com otimismo: a demanda global por carne permanece sólida, e há espaço para inovação e crescimento — especialmente onde houver apoio à produção, transparência na comunicação e equilíbrio entre eficiência e percepção pública.

“Não é mais ‘business as usual’. Mas o futuro da carne continua vivo — e cheio de oportunidades”, concluiu.

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Ike Moraes
Ike Moraes
Especialista em Reputação Digital e Inteligência Política

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