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Estudo avalia rentabilidade da integração lavoura- pecuária

Pesquisador do LAE/USP, Danny Moreno, apresenta dados de estudo que avalia o benefício ambiental e a rentabilidade da integração lavoura-pecuária.

Afinal, além de eficaz em termos da produção pecuária sustentável, será que a rentabilidade da integração lavoura-pecuária é melhor frente aos sistemas convencionais?

Ao mesmo tempo em que o setor agropecuário tem sofrido pressão para aumentar a sua produtividade e eficiência (clique aqui), tem sido um importante emissor antropogênico de gases de efeito estufa (GEE).

Cálculos e estimativas feitas a partir da base de dados da FAOSTAT demonstraram que em 2017 o efetivo do rebanho brasileiro foi responsável por 16% das emissões GEE totais geradas a nível mundial (Tabela 1).

rentabilidade da integração lavoura-pecuária

Em vista disso, a pecuária de corte vem sendo duramente criticada por ser um dos maiores contribuintes destas emissões, produto da fermentação entérica e o manejo inadequado das fezes (Tabela 1). Estratégias de mitigação baseadas principalmente em sistemas produtivos bem manejados e com adoção de tecnologias tem sido desenvolvidas.

E aqui cabe lembrar que pouco é divulgado os dados que mostram que a pecuária de corte brasileira é sustentável (clique aqui) e que a carne bovina trás também inúmeros benefícios à saúde humana (clique aqui).

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O fato é que em um estudo científico conduzido por Pereira et al., (2018) e publicado na revista Agricultural Systems, foi avaliado o impacto ambiental e a rentabilidade de 3 sistemas de produção pecuária:

  • pastagens nativas (PN);
  • PN com baixa suplementação de grãos (PNS) e;
  • PNS mais produção de soja para venda (SiLP+S).

Na Tabela 2 foram apresentadas as principais caraterísticas de produção para cada um dos cenários avaliados na pesquisa.

rentabilidade da integração lavoura-pecuária

Observar-se (Tabela 2) que o cenário SiLP+S ocupou a maior área de produção (2.542 ha) devido a cultura de soja. A produção de quilos de boi por hectare foi maior nos cenários PNS e SiLP+S, os quais atingiram o peso ao abate em um tempo menor.

Os resultados da produtividade, do impacto ao meio ambiente gerado por hectare e da pegada de carbono para cada um dos cenários avaliados foram demonstrados na Figura abaixo.

rentabilidade da integração lavoura-pecuária

Quanto à avaliação do impacto ambiental, o cenário SiLP+S foi o sistema produtivo que apresentou o menor impacto. Isso porque este cenário obteve a menor pegada de carbono (PC) sendo de 14,9 kg de CO2eq/kg de peso vivo produzidos; deve-se lembrar que a PC é um indicador de impacto ambiental, o qual mensura as quantidades de GEE gerados na produção de uma quilograma de produto produzido pelo sistema, portanto, sistemas mais eficientes podem apresentar menores pegadas de carbono.

Com relação à avaliação da rentabilidade da integração lavoura-pecuária foi demonstrado a receita, custos e retornos líquidos dos diferentes cenários avaliados na pesquisa.

Observa-se que o sistema integrado de lavoura e pecuária (SiLP+S) apresentou a maior receita devido à renda bruta da pecuária e da lavoura, no entanto, este cenário obteve o maior custo total de produção, devido a apresentar um maior investimento na realização da atividade agrícola (equipamentos, maquinários, sementes e fertilizantes químicos); ainda assim, o SiLP+S foi o sistema que apresentou a maior lucratividade, em razão de obter o maior retorno líquido por ano, hectare e cabeça de boi terminado comparadas com os cenários PN e PN+S.

Pode-se concluir desta pesquisa que os sistemas integrados lavoura-pecuária (SiLP) geraram menores emissões de GEE por kg de produto animal produzido (carne, leite e/ou grãos), resultado do aumentando na taxa de lotação e do aumento da eficiência produtiva.

Além disso, nesses sistemas se usa mais eficientemente recursos como terra, mão de obra e insumos, apresentando assim benefícios econômicos mais interessantes em comparação a sistemas tradicionais (extensivos ou monoprodutores), como se pode observar na Tabela 3.

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Essas vantagens são explicadas pela teoria econômica de escopo. Essa teoria afirma que o custo de produção de dois ou mais produtos, em um mesmo sistema de produção é menor do que se os mesmos produtos fossem produzidos em diferentes sistemas. O possível resultado é uma redução dos custos associados à produção, apresentando um aumento na renda pela diversificação das atividades.

Os dados acima revelam a maior rentabilidade da integração lavoura-pecuária, com ganhos muito acima dos apurados nos modelos convencionais de produção.

Feitas essas considerações podemos complementar que, os sistemas integrados são uma opção promissora para a produção agropecuária, a qual além de auxiliar na redução dos GEE gerados pela pecuária, pode fornecer uma maior lucratividade ao produtor.

Vale lembrar que a Arcos Dorados, maior franquia independente do McDonald’s, anunciou que vai ampliar a compra de carne bovina da pecuária sustentável. Clique aqui e confira!

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Ivan Formigoni

Zootecnista, Fundador do Farmnews e interessado em fornecer informações úteis aos nossos leitores!

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