No vasto litoral brasileiro, com seus impressionantes 7.491 km de extensão ao longo do Oceano Atlântico, surge uma fronteira promissora para o agronegócio, o Blue Carbon, ou carbono azul.
Esse conceito refere-se ao carbono capturado e armazenado por ecossistemas costeiros e marinhos, como manguezais, pradarias marinhas e, cada vez mais, sistemas de aquicultura sustentável e cultivo de algas. Para produtores rurais e “agroempresários”, o Blue Carbon não é apenas uma ferramenta ambiental, mas uma oportunidade econômica real, capaz de gerar receitas extras via créditos de carbono, diversificar produções e alinhar operações com as demandas globais por sustentabilidade, colocando o Brasil como um gigante na bioeconomia azul.
Com o marco legal estabelecido pela Lei nº 15.042, de 11 de dezembro de 2024, o Brasil abriu portas para a comercialização de créditos de carbono azul, integrando ecossistemas costeiros e marinhos ao Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Essa legislação, está baseada no modelo “cap and trade”, onde permite que projetos de restauração e gestão sustentável em piscicultura e cultivo de algas gerem Cotas Brasileiras de Emissão (CBEs) e Certificados de Redução ou Remoção Verificada de Emissões (CRVEs).
O Blue Carbon e seu impacto positivo no setor
Diferente dos sumidouros terrestres, os ecossistemas de Blue Carbon sequestram CO₂ de forma altamente eficiente em até 35 vezes mais que florestas tropicais em alguns casos.
Isso inclui um conjunto de microalgas e macroalgas, como as kelps e algas marinhas, além de práticas de aquicultura que protegem habitats costeiros. No agronegócio, essa eficiência se traduz em acesso a mercados de carbono voluntários e regulados, onde projetos de restauração ou gestão sustentável geram créditos vendáveis para compensar emissões industriais. Além do sequestro direto, esses sistemas fortalecem a resiliência climática, melhorando a qualidade da água, suportando a biodiversidade e integrando-se a estratégias nacionais de redução de emissões. Com uma costa tão extensa, o Brasil tem condições ideais para escalar “fazendas do mar”, transformando áreas costeiras em ativos produtivos e ecológicos.
A Piscicultura, da criação de peixes à geração de créditos azuis
A piscicultura, especialmente em modalidades como a criação de bivalves (ostras e mexilhões) ou peixes costeiros, pode ser adaptada para maximizar o Blue Carbon. Práticas sustentáveis protegem ecossistemas como pradarias marinhas, reduzindo emissões e aumentando o armazenamento de carbono em sedimentos. Exemplos globais, como na província chinesa de Shandong, mostram como quantificar o carbono sequestrado em pescarias azuis, abre caminhos para créditos comercializáveis.
No Brasil, o setor já conta com milhares de produtores, responsáveis por uma produção recorde de 968.745 toneladas de peixes de cultivo em 2024, um aumento de 9,2% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura. Essa expansão gerou cerca de R$ 11,7 bilhões em valor de produção para a aquicultura, destacando o potencial econômico. Em termos de exportações, o país alcançou 13.792 toneladas em 2024, um crescimento de 102% em volume, com um valor de US$ 59 milhões, representando um aumento de 138%, no ano anterior.
Para o produtor brasileiro, isso significa uma diversificação de produção, fazendas de tilápia ou camarões integrados a manguezais restaurados, que não só produzem proteínas de alta qualidade, mas também geram co-benefícios, como melhoria da água e atração de investimentos em “pescarias de carbono”. Sistemas como a aquaponia, que combinam piscicultura com cultivo vegetal, criando cadeias circulares, reduzindo a pegada ambiental e atendendo à crescente demanda por alimentos sustentáveis. Em um mercado global de carbono avaliado em bilhões, essas inovações podem posicionar o agronegócio nacional como líder, especialmente em regiões costeiras do Nordeste e Sul.
O Cultivo de Algas, uma Nova Fronteira Agrícola no Mar
O cultivo de micro e macroalgas desponta como uma das soluções mais inovadoras para o sequestro de carbono, com fazendas atuando como sumidouros que capturam CO₂ e o direcionam para sedimentos profundos ou usos industriais. Espécies como a Kappaphycus alvarezii, por exemplo, servem como bioinsumos que fixam carbono no solo, elevando a produtividade agrícola e promovendo práticas sustentáveis. No agronegócio, isso representa uma “nova fronteira agrícola” oceânica, com potencial para biocombustíveis, rações e fertilizantes que substituem opções fósseis.
Além do Blue Carbon, as algas são usadas em alimentos, cosméticos e remediação ambiental, gerando empregos e regenerando oceanos, e a nossa expansão costeira permite restaurar leitos de algas para gerar créditos, superando desafios com tecnologias de monitoramento, integrado ao agronegócio tradicional, o cultivo de algas mitiga mudanças climáticas enquanto abre novas fontes de renda.
As Virtudes Azuis do Agro
Os sistemas de produção agroalimentares precisam ser analisados com uma nova visão, mais aprofundada, processual e estratégica, focando nos pilares do desenvolvimento social de produtores e das comunidades no entorno, a preservação ambiental de suas virtudes e o retorno financeiro, uma tríade sustentável que fará com que os produtores se adequem organicamente às leis nacionais e internacionais em casos de exportação, sem que isso seja uma obrigação, mas um caminho de prosperidade contínuo.
Porém um alerta para quem quer entrar nesses projetos! É de extrema importância que os produtores realizem esses projetos com empresas idôneas, com experiência, que já tenham cases, garantam a rastreabilidade e o mais importante, que tenham a integração na ponta com os compradores dos créditos, fechar esse ciclo é essencial para que todos os esforços e investimentos iniciais sejam revertidos para o produtor.
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