Previsão climática para o inverno de 2025

O Farmnews apresenta de previsão climática para o inverno de 2025, conforme dados e análise do Inmet.
Características do Inverno
O Inverno no Hemisfério Sul inicia-se no dia 20 de junho de 2025 às 23h42 e termina no dia 22 de setembro às 15h19 (horário de Brasília). Climatologicamente, a estação é marcada pelo período menos chuvoso das regiões Sudeste, Centro- Oeste e parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, enquanto os maiores volumes de precipitação concentram-se sobre o noroeste da Região Norte, leste da Região Nordeste e parte da Região Sul do Brasil (Figura 1a).
A redução das chuvas em grande parte do país nesta época do ano é devido à persistência de massas de ar seco, que ocasiona a diminuição da umidade relativa do ar. Consequentemente, a vegetação fica mais seca e perde folhas, o que aumenta os riscos de queimadas e incêndios florestais, poluindo o ar e aumentando os casos de doenças respiratórias nas populações.
Além de uma menor incidência de radiação solar, a estação caracteriza-se também pelas incursões de massas de ar frio, oriundas do sul do continente, que provocam queda na temperatura do ar, resultando em valores médios inferiores a 22ºC sobre a parte leste das regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figura 1b). Essa diminuição de temperatura pode ocasionar: i) formação de geadas nas regiões Sul, Sudeste e no Estado do Mato Grosso do Sul; ii) queda de neve nas áreas serranas e planaltos da Região Sul e, iii) episódios de friagem nos Estados do Mato Grosso, Rondônia, Acre e no sul do Amazonas.
Durante a estação, em função das inversões térmicas no período da manhã, são comuns as formações de nevoeiros e/ou névoa úmida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com redução de visibilidade, especialmente em estradas, áreas serranas e aeroportos.

Figura 1: Climatologia de: (a) precipitação e (b) temperatura média do ar para o trimestre Julho, Agosto e Setembro. Período de referência: 1981 – 2010.
Condições oceânicas observadas e tendência
No Oceano Pacífico Equatorial, as médias mensais da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) da área de referência para definição do evento El Niño – Oscilação Sul (ENOS), denominada região de Niño 3.4 (entre 170°W-120°W), registraram valores de anomalias de TSM próximos de zero nos últimos três meses. Esse comportamento reforça a persistência das condições de neutralidade, caracterizadas por valores de desvios entre -0,5 °C e 0,5 °C.
A previsão do conjunto de modelos compilados pelo APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa sediado na Coréia do Sul, aponta para uma probabilidade de 68%, que as condições de Neutralidade irão permanecer durante o inverno/2025 (Figura 2).

Figura 2: Previsão probabilística de ENOS do APCC. Fonte: APEC Climate Center.
Previsão climática para o inverno de 2025
Região Norte
Em grande parte da Região Norte, a previsão climática CPTEC/INMET/FUNCEME indica condições favoráveis para ocorrência de chuvas próximas ou abaixo da média (Figura 3a). Apenas no norte de Roraima, noroeste do Pará e Amapá, a previsão indica condições favoráveis para chuvas acima da média.
A temperatura do ar nos próximos meses é prevista com predominância de condições acima da média em grande parte da região (Figura 3b). Ressalta-se que a falta de chuvas no sul da Amazônia é comum entre os meses de julho a setembro e, aliadas à alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, favorecem a incidência de queimadas e incêndios florestais. Por outro lado, isto não descarta a ocorrência de eventuais episódios de friagens nesta região, devido à incursão de massas continentais de ar frio.
Região Nordeste
A previsão climática para o inverno indica predominância de chuvas próximas à média no interior nordestino, sendo que esta região já se encontra em seu período seco. Nas demais áreas, são previstas chuvas abaixo da média, porém a presença de águas mais quentes que o normal no oceano Atlântico tropical, pode favorecer a ocorrência de chuvas na costa leste do Nordeste (Figura 3a).
Em relação a temperatura, a previsão climática para o inverno indica o predomínio de temperaturas acima da média em toda a região, principalmente no sul do Maranhão, onde podem ocorrer temperaturas médias de até 2ºC acima da média (Figura 3b).
Região Centro-Oeste
Na Região Centro-Oeste, o período seco já teve seu início a partir do mês de maio. A previsão para o inverno indica condições de chuvas abaixo da média climatológica em toda a região, com tendência de diminuição da umidade relativa do ar nos próximos meses, com valores diários que podem ficar abaixo de 30% e picos mínimos abaixo de 20% (Figura 3a).
As temperaturas tendem a apresentar-se acima da média, devido a permanência de massas de ar seco e quente, favorecendo a ocorrência de queimadas e incêndios florestais (Figura 3b).
Região Sudeste
A previsão para o inverno na Região Sudeste indica predomínio de chuvas abaixo da média, porém não se descartam chuvas em áreas pontuais do litoral da região, devido a passagem de frentes frias (Figura 3a).
As temperaturas tendem a permanecer acima da média em grande parte da região, porém não se descarta a possibilidade de queda na temperatura média do ar devido à entrada de massas de ar frio em alguns dias, podendo ocorrer formação de geadas em pontos isolados de regiões com altitude elevada (Figura 3b).
Região Sul
O prognóstico do CPTEC/INMET/FUNCEME para os meses de inverno indica condições favoráveis para chuvas próximas e acima da média em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As condições de chuvas abaixo da média são previstas para o Paraná (Figura 3a).
Para a Região Sul, são previstas temperaturas acima da média na maior parte do inverno, com os maiores valores concentrados no estado do Paraná (Figura 3b). No entanto, a atuação de massas de ar de origem polar poderá ocasionar quedas pontuais de temperatura ao longo da estação, favorecendo a ocorrência de geadas em algumas áreas, especialmente nas regiões de maior altitude.

Figura 3: Previsão de anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura média do ar para o trimestre Julho, Agosto e Setembro/2025, elaborada conjuntamente pelo INMET, CPTEC/INPE e FUNCEME.
Possíveis Impactos das chuvas durante o Inverno nos cultivos agrícolas
Diante das atuais condições de Neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial, surge a necessidade de avaliar os possíveis impactos desse cenário nas culturas de outono/inverno. É importante ressaltar que o clima no Brasil não é influenciado apenas pelo fenômeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS), mas também por outros fatores, como as temperaturas da superfície do mar nos oceanos Atlântico Tropical e Atlântico Sul. Esses elementos exercem influência significativa sobre as condições de tempo e clima no país, tornando essencial uma análise cuidadosa das previsões climáticas, especialmente nas principais regiões produtoras.
Considerando o prognóstico de chuvas abaixo da média no sul do Pará, oeste do Amazonas, Acre, Rondônia e grande parte do Tocantins, pode comprometer os cultivos de milho segunda safra e de feijão que estão em fase de floração e enchimento de grãos.
Por outro lado, na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a previsão de volumes de chuva próximos ou abaixo da climatologia pode beneficiar as lavouras de milho em fase de maturação fisiológica, reduzindo os riscos de perdas durante a colheita por excesso de umidade. Já no leste do Nordeste, a expectativa de chuvas dentro da média histórica deve favorecer o desenvolvimento dos cultivos de feijão e milho da terceira safra, especialmente nas áreas do SEALBA (Sergipe, Alagoas e Bahia).
Na Região Centro-Oeste, a previsão climática para o inverno é de chuvas abaixo da média, o que acende um sinal de alerta para as lavouras de milho que ainda se encontram nas fases de floração e enchimento de grãos, etapas que demandam maior disponibilidade hídrica.
A tendência de redução gradual da umidade no solo nos próximos meses pode comprometer o desenvolvimento dessas culturas de segunda safra. Por outro lado, a escassez de precipitação pode favorecer a colheita das lavouras de primeira safra que já se aproximam do final do ciclo, ao reduzir o risco de perdas por excesso de umidade. Para o algodão e o milho segunda safra em estágio de maturação e colheita, as condições previstas tendem a ser favoráveis.
Para a Região Sudeste, a previsão de chuvas abaixo da média pode comprometer as áreas de pastagens, devido à menor disponibilidade de alimento para o rebanho bovino, além de impactar negativamente as culturas de outono/inverno mais tardias. Por outro lado, as condições mais secas tendem a favorecer os cultivos de segunda safra em fase de maturação e colheita, bem como as lavouras de cana-de-açúcar e café, que se beneficiam de menores volumes de chuva nesse período.
Na Região Sul, as chuvas abaixo da média e as temperaturas elevadas no Paraná, podem reduzir a umidade do solo, afetando o desenvolvimento das culturas em andamento. Em contrapartida, no centro-sul do Rio Grande do Sul, a tendência é de aumento nos níveis de umidade do solo, favorecendo as lavouras de trigo e demais culturas típicas do inverno.
Fonte: INMET – O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM) desde 1950.
E mudando de assunto, confira as lições relacionadas ao setor de distribuição de insumos. Ao aprender com os desafios da consolidação, as distribuidoras de insumos agrícolas no Brasil podem construir um futuro mais forte e sustentável. Clique aqui e confira!
O Farmnews agora tem uma Comunidade! Mais recursos e organização para interagir de modo seguro com nossos leitores! Clique aqui e faça parte!