As fazendas do mar representam uma alternativa viável e estratégica para diversificar a produção de alimentos, mitigar as mudanças climáticas e gerar novas fontes de renda.
Enquanto o mundo busca soluções para alimentar uma população que deve ultrapassar 9 bilhões de pessoas até 2050, surge uma nova fronteira agrícola que promete unir produtividade, sustentabilidade e inovação: o mar. As chamadas fazendas do mar, ou maricultura, representam uma alternativa viável e estratégica para diversificar a produção de alimentos, mitigar as mudanças climáticas e gerar novas fontes de renda para o produtor rural brasileiro.
O Brasil, conhecido por sua potência agrícola em terra firme, também guarda um imenso potencial inexplorado nas águas. Com aproximadamente 8.500 km de costa e uma Zona Econômica Exclusiva de mais de 3,5 milhões de km², temos condições únicas para liderar a produção de organismos marinhos, como peixes, moluscos, crustáceos e algas de forma regenerativa, rentável e conectada à nova lógica da Economia Verde Positiva.
Maricultura: cultivo marinho e regeneração ambiental
O cultivo no mar de espécies como ostras, mexilhões, camarões e algas, vem ganhando espaço em estados como Santa Catarina, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. É uma alternativa de produção com baixo impacto ambiental, sem necessidade de irrigação ou uso de defensivos químicos, além de regenerar áreas costeiras e promover biodiversidade.
As algas marinhas, por exemplo, têm aplicações em alimentos, cosméticos, bioplásticos e até fertilizantes, além disso, são grandes aliadas na captura de CO₂, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Piscicultura: um setor também em ascensão no agro brasileiro
Antes mesmo do mar aberto, a piscicultura em águas continentais já mostra sua força. Em 2024, o Brasil produziu 968.745 toneladas de peixes de cultivo, com crescimento de 9,2% em relação ao ano anterior. A tilápia, principal espécie criada no país, representou 68,4% da produção, com 662.230 toneladas.
As exportações também batem recordes:
- Somente no 1º trimestre de 2025, foram exportadas 3.938 toneladas, com receita de US$ 18,5 milhões, um salto de 89% em volume e 112% em valor frente ao mesmo período de 2024.
- Os Estados Unidos lideram como destino, absorvendo mais de 90% da tilápia brasileira exportada.
- Outros países compradores incluem Canadá, Peru, Japão e Emirados Árabes Unidos.
Apesar do bom desempenho, as exportações ainda representam apenas 3% da produção nacional, mostrando o vasto potencial de crescimento da cadeia no mercado internacional.
Carbono Azul: a nova fonte de renda ambiental
O conceito de Blue Carbon (Carbono Azul) refere-se ao carbono capturado e armazenado por ecossistemas marinhos e costeiros como manguezais, marismas e pradarias marinhas, esses ecossistemas são mais eficientes do que as florestas tropicais na captura de carbono por hectare e já começam a ser valorizados no mercado internacional de créditos de carbono.
Para o produtor ou comunidade costeira, isso significa uma nova via de remuneração, com a conservação e restauração de ecossistemas marinhos, compondo projetos de geração de créditos de carbono azul certificados e integrando aos projetos de maricultura sustentável, que ampliam a captura e regeneração natural.
Com isso, o produtor pode ter três fontes de renda: venda de alimentos, comercialização de carbono capturado e acesso a incentivos por serviços ecossistêmicos, tudo isso inserido dentro de uma lógica de Economia Verde Positiva, onde produzir e preservar andam lado a lado.
Integração produtiva: terra, mar e inovação
A maricultura e piscicultura não concorrem com a agricultura terrestre, elas complementam e expandem as oportunidades do agro nacional. Integrar sistemas de produção, como soja, milho e peixes em tanques-rede, ou combinar áreas de cultivo com sistemas regenerativos costeiros, é uma forma de maximizar renda, diversificar riscos e acessar novos mercados.
A tendência global é clara, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a aquicultura será uma das principais fontes de proteína aquática consumida até 2030. O Brasil, com sua estrutura técnica, clima favorável e abundância hídrica, está pronto para assumir um papel de protagonismo também nesse novo cenário produtivo.
Projeções e oportunidades para a próxima década
O consumo de pescados cresce no Brasil, inclusive em áreas urbanas, com maior conscientização sobre alimentação saudável e rastreável. As exportações brasileiras de tilápia devem ultrapassar US$ 100 milhões/ano até 2026, com os EUA e o Oriente Médio como grandes destinos. A bioeconomia azul pode gerar empregos, atrair investimentos estrangeiros e promover inclusão social de pescadores artesanais, indígenas e comunidades tradicionais costeiras.
Agro do mar é Agro do futuro
A nova fronteira produtiva do Brasil não está apenas nas chapadas ou nos cerrados, ela também está no oceano. Com planejamento, governança e apoio técnico, podemos transformar o mar em um aliado estratégico da agricultura regenerativa, da segurança alimentar global e da nova economia climática.
As fazendas do mar simbolizam esse novo agro, tecnológico, sustentável, socialmente justo e economicamente viável. O Brasil, que já alimenta o mundo com seus grãos, carnes e fibras, agora pode nutri-lo também com peixes, algas e soluções oceânicas, e o melhor, produzindo, preservando e prosperando.
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