O recém-anunciado Plano Clima revela uma escolha preocupante: a conta da descarbonização irá recair, em sua maioria, sobre o agronegócio!
O Brasil assumiu em 2024, na COP29 no Azerbaijão, uma das metas mais ambiciosas do mundo em redução de gases de efeito estufa, cortar 67% das emissões até 2035, tendo como referência o ano de 2005. Um compromisso ousado, digno de um país que é potência agroambiental, mas há um detalhe: Quem vai pagar essa conta?
O recém-anunciado Plano Clima, em consulta pública, revela uma escolha preocupante, a conta da descarbonização que irá recair, em sua maioria, sobre o agronegócio, setor que responde por quase 30% do PIB nacional, garante superávits comerciais bilionários e abastece não apenas a mesa do brasileiro, mas também o mercado global.
Enquanto indústria, energia e transportes poderão aumentar suas emissões em até 44% e 34% respectivamente, a agropecuária terá de reduzir 36% das emissões até 2030 e 54% até 2035. Em outras palavras: para que outros setores poluam mais, o produtor rural terá que apertar o cinto, assumindo essa conta, absorvendo custos que irão impactar financeiramente sua produção e chegarão ao consumidor.
A “contabilidade criativa” do clima
Com o anúncio do plano essa semana, o ex ministro da agricultura Antônio Cabrera promoveu uma live com o professor Daniel Vargas da FGV para analisar esse documento, e realmente os chamou atenção para a metodologia da “contabilidade criativa” que provavelmente sustentou o Plano Clima, ou seja, o governo teria alterado critérios metodológicos internacionais, transferindo ao agro responsabilidades que deveriam estar classificadas como mudança de uso do solo ou até falhas estatais de fiscalização.
Na prática isso significa:
- Desmatamento ilegal em terras públicas ou assentamentos foi computado como culpa do agro, aproximadamente 813 milhões de toneladas de CO₂ emitidos.
- Reservas legais e APPs preservadas pelos produtores não entraram no balanço como crédito ambiental;
- Práticas sustentáveis já consolidadas como o plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta, bioinsumos e expansão do etanol/biodiesel, foram subestimadas ou ignoradas.
O resultado é uma caricatura com defeitos maximizados e as “virtudes sustentáveis” ocultadas, sendo assim, agro permanece retratado como vilão, quando na realidade se trata do setor que mais avançou em práticas de baixo carbono nas últimas décadas.
Competitividade em risco: tarifaço climático contra o Brasil
Há outro problema estrutural nesse cenário, a perda de competitividade internacional, uma vez que a China e Índia condicionam suas metas climáticas ao crescimento econômico e à redução da pobreza, a Europa, depois de impor regras ambientais rígidas, já revisa seus compromissos para não matar sua própria produção agrícola e os Estados Unidos e Argentina, grandes concorrentes do Brasil no agro, dão sinais de recuo no Acordo de Paris.
Se o Brasil insiste em carregar sozinho a cruz climática, o resultado é claro, o governo criou um “tarifaço climático” contra nós mesmos, com produtos mais caros, menor competitividade e risco de perder mercados estratégicos.
Como alertou o ministro nesse debate, isso equivale a colocar o produtor brasileiro para correr uma maratona com um saco de areia nas costas, enquanto os concorrentes correm leves e ainda recebem hidratação ao longo do percurso.
O efeito invisível: inflação alimentar
A primeira consequência do Plano Clima será sentida no bolso do consumidor, pois se o produtor arca com custos extras para reduzir emissões sem qualquer compensação por serviços ambientais já prestados, a fatura chegará ao supermercado. A matemática é simples, o preço da comida sobe, a inflação aperta e quem sofre mais é justamente a base da pirâmide que depende de alimentos acessíveis.
Ou seja, uma política que deveria proteger a população de riscos climáticos pode acabar empurrando milhões para a insegurança alimentar.
Oportunidade desperdiçada?
O Brasil tem o que nenhum outro país possui,60% da vegetação nativa preservada, um terço das florestas dentro de propriedades privadas, um dos Códigos Florestais mais rígidos do planeta e tecnologias de intensificação sustentável que aumentam sua produção e produtividade sem ampliar a área plantada.
E esse conjunto poderia ser apresentado ao mundo como ativo econômico e diferencial competitivo, um “capital verde”, que deveria render valorização e acesso privilegiado a mercados e créditos de carbono. Mas, em vez disso, o Plano Clima transforma esse capital em passivo, tratando o verde como custo, e o que poderia ser oportunidade se converte em ameaça.
A ausência de debate e o risco democrático
Outro ponto levantado por ele, foi a falta de debate público e legislativo, o Plano Clima, que deveria ser uma política de Estado, nasce como decisão de governo, articulada em bastidores, sem transparência, sem participação plena do Congresso e com baixa escuta aos setores produtivos.
Essa postura fragiliza a legitimidade da política climática e aumenta a desconfiança, pois afinal, como confiar em metas baseadas em dados questionáveis, modelos pouco auditáveis e sem pactuação democrática?
De ameaça a oportunidade: o que está em jogo na COP30
A COP30 em Belém deveria ser a grande vitrine do Brasil para mostrar ao mundo que é possível produzir mais, conservar mais e gerar renda. Em vez disso, corremos o risco de transformar o evento em palco de divisão interna, criminalização do agro e perda de competitividade.
O que está em jogo não é apenas uma meta climática, é a soberania alimentar, a competitividade do agronegócio e a capacidade do Brasil de liderar a transição verde pela via das oportunidades, e não das punições.
Se o Brasil enxergar o clima como ativo econômico, remunerando quem preserva, valorizando tecnologias tropicais, premiando boas práticas e integrando o agro como parte da solução, poderemos construir uma rota sustentável de verdade.
Entre ciência, ideologia e sobrevivência do agro
O debate sobre o Plano Clima precisa sair dos bastidores e chegar ao campo, ao Congresso e à sociedade, não se trata de negar a ciência nem de ignorar os riscos climáticos, trata-se de construir um modelo justo, transparente e proporcional, que não sacrifique quem garante alimento para o Brasil e para o mundo.
Porque se há algo mais perigoso que o aquecimento global é a inflação alimentar, e ela pode vir não pela mudança do clima, mas pela mudança equivocada dessa política ideológica de quem hoje “tenta governar” o Brasil.
Vale comentar também que a COP30 escancara uma crise de identidade do ASG no Brasil, enquanto o produtor rural, a população de baixa renda e a floresta seguem como meros figurantes no espetáculo global. Clique aqui e saiba mais do assunto!
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