O preço do bezerro foi o destaque positivo de 2025, descolando do boi gordo, se aproximando da máxima nominal histórica de 2021 e com perspectiva de novas altas para 2026, mas cuidado com o otimismo exagerado!

Em termos de preço, o destaque ficou com a categoria de reposição. Além de acumular a maior alta no ano entre as commodities agrícolas acompanhadas pelo Farmnews (primeira Figura), deve seguir valorizado em 2026, renovando a máxima nominal histórica. Essa é a expectativa. Claro, o que todos querem saber é qual a expectativa de preço esperado para o próximo ano. Bom, mas antes vamos relembrar como foi 2025.

A Figura apresenta a evolução da variação diária acumulada do preço do bezerro, boi gordo, milho e soja (Cepea) ao longo de 2025 (frente ao valor que encerrou 2024).

O preço do bezerro além de descolar, para cima, do preço do boi gordo em 2025, o que pressionou o poder de compra do pecuarista que depende da reposição do rebanho no mercado (clique aqui), voltou a se aproximar dos patamares recordes em valores nominais (segunda Figura).

O preço médio do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul) voltou a apresentar média acima de R$3,0 mil por cabeça na parcial de dezembro de 2025, o que não era observado desde 2021 e também não muito distante da máxima nominal histórica de abril de 2021. Aliás, considerando apenas os meses de dezembro, o valor nominal de 2025 foi recorde (terceira Figura).

A Figura apresenta os dados médios do preço nominal do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), entre janeiro de 2020 e a parcial de dezembro de 2025 (até o dia 23), em Reais por cabeça.

O preço do bezerro, considerando apenas os meses de dezembro, foi recorde nominal em 2025, superando a máxima anterior, de 2021. O valor da categoria de reposição acumulou o segundo ano consecutivo de alta entre os meses de dezembro, em 2025.

O importante aqui é que mesmo com a recuperação do preço do bezerro nos últimos anos, o abate de fêmeas foi recorde, em patamares muito acima do praticado nos anos anteriores. E isso chama a atenção.

A taxa de abate de vacas e novilhas, em relação ao total de bovinos abatidos no Brasil, no acumulado até setembro de 2025, foi de 48,5%, patamar muito acima dos anos anteriores e recorde para o período do ano. Clique aqui e saiba mais!

Como temos discutido no Farmnews, é esperado que também um ajuste de produtividade esteja sendo observado. Mas que vai faltar bezerro(a), tanto em 2026 como em 2027, isso é certo. Na nossa visão, os ganhos em produtividade e aqui falando especificamente em taxa de desmama, não deve compensar o ritmo de abate de fêmeas. Em outras palavras, os preços da reposição devem seguir pressionados, para cima, em 2026 e 2027.

A Figura apresenta os dados médios do preço nominal do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), nos meses de dezembro, entre 2010 e 2025 (até o dia 23), em Reais por cabeça.

O interessante é observar que apesar dos patamares recordes para um mês de dezembro, em 2025, a alta em relação ao valor observado no mesmo período do ano anterior, diminuiu (quarta Figura).

E agora vem a questão: qual o tamanho da alta esperada para 2026? Essa pergunta embora difícil de ser respondida, existem sinais que mostram que o potencial de alta no ano deve ser menor que o observado em 2025. Isso porque uma alta de cerca de 40,0% nos preços da reposição, como aconteceu na primeira metade de 2025 frente ao mês anterior, pressionaria e muito o poder de compra do pecuarista e sua capacidade de reposição do rebanho, embora o preço do animal pronto para o abate também deva subir em 2026.

A Figura ilustra a variação do preço do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), em Reais por cabeça, considerando a alta ou baixa da categoria quando comparado ao valor nominal no mesmo período do ano anterior.

O fato é que até outubro de 2025 a alta do preço do bezerro quando comparado ao valor praticado no mesmo período do ano anterior oscilava em torno de 30,0 a 40,0%, em geral. A partir de novembro, essa alta diminuiu, já que os preços da categoria de reposição praticados no mesmo período do ano anterior acumularam forte alta (quinta Figura).

A Figura ilustra a evolução diária do preço nominal do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), em Reais por cabeça ao longo de 2024 e a parcial de 2025.

Apesar dos patamares próximos do recorde nominal e em dezembro o valor da categoria de reposição acumular o segundo ano consecutivo de alta (como visto acima), os valores médios anuais do bezerro mostram que o ano de 2025 foi o primeiro de alta (sexta Figura).

No ciclo de alta anterior que alcançou o pico de preço em 2021, o preço nominal do bezerro subiu por 4 anos consecutivos, ou seja, desde 2018. Após o pico de preço de 2021, o preço médio anual do bezerro caiu entre 2022 e 2024, para novamente subir em 2025. O cenário é de alta e não apenas porque estamos no primeiro ano de alta do ciclo de longo prazo, mas porque os fundamentos do mercado sinalizam que a oferta de animais será menor em 2026.

A Figura apresenta os dados médios anuais do preço nominal do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul), entre 2010 e 2025 (até o dia 23 de dezembro), em Reais por cabeça.

Os dados do preço do bezerro corrigido pela inflação (sétima Figura) que igualmente mostram que a fase de alta no preço da categoria de reposição está acontecendo. Os ciclos de alta têm alcançado patamares acima da máxima observada nos ciclos anteriores, indicando um movimento contínuo de valorização da pecuária. Temos discutido o cenário global de ofertas crescendo menos que o consumo e a maior demanda por carne bovina brasileira no mercado internacional.

A Figura ilustra a evolução mensal do preço do bezerro (Cepea, Mato Grosso do Sul) corrigido pelo IGP-M de novembro de 2025, avaliado em Reais por cabeça, desde janeiro de 2010.

Bom, mas com relação a expectativa de preço do bezerro para 2026, o cenário é de alta, mas de um potencial de ganho menor daquele observado em 2025, pelo menos à princípio. Vamos também avaliar como o boi gordo se comporta. Mas em um cenário mais conservador, na primeira de 2025 os preços do bezerro chegaram a subir mais de 40,0% frente ao mesmo período de 2024. Isso não deve acontecer em 2026, na nossa opinião. Haverá ganhos sim, mas mais modestos, talvez mais em linha dos ganhos atuais observados nos meses de novembro e dezembro de 2025. Vamos acompanhar!

Vale lembrar que a produção mundial de carne bovina deve cair em 2026, impulsionada pela expectativa de redução da oferta de animais para o abate, especialmente no Brasil, com a maior queda na produção entre os principais produtores mundiais (clique aqui). Isso porque após o recorde esperado em 2025, a produção mundial deve cair sensivelmente, de 61,95 para 61,03 milhões de toneladas em equivalente carcaça ou 1,47% (cerca de 0,90 milhão de toneladas).

Por outro lado, o consumo mundial de carne bovina deve cair 1,12% em 2026, para 59,52 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Caso seja confirmado, será o menor patamar desde 2023. Clique aqui e confira os dados!

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