E como é o agro nas escolas hoje? Professores que levam à sala de aula não apenas conteúdos, mas uma visão de mundo crítica e hostil ao agro, transmitida de forma naturalizada.
A educação é o terreno onde se planta a visão de mundo das próximas gerações, no entanto, quando o material didático deixa de ser um instrumento de conhecimento plural e científico e se torna veículo de narrativas ideológicas, estamos cultivando não cidadãos críticos, mas opiniões enviesadas. É exatamente isso que o agronegócio brasileiro enfrenta há décadas: um processo contínuo de criminalização simbólica, que começa na pré-escola e se estende até as universidades.
A raiz histórica da visão negativa do agro nas escolas
Desde a década de 1980, parte considerável da produção acadêmica em ciências sociais e humanas consolidou uma narrativa onde o agronegócio aparece como vilão. Essa visão encontrou espaço em faculdades de pedagogia, licenciatura e mesmo cursos de geografia e história, responsáveis por formar os futuros professores.
Não se trata de negar os problemas reais do setor (desmatamento ilegal, conflitos fundiários, uso incorreto de insumos), mas de observar como a ênfase unilateral e a generalização acabaram por se tornar regra. Essa perspectiva acadêmica, muitas vezes alinhada a movimentos de resistência política e ideológica, foi se enraizando nos currículos e manuais.
O resultado e como é o agro nas escolas hoje? Professores que levam à sala de aula não apenas conteúdos, mas uma visão de mundo crítica e hostil ao agro, transmitida de forma naturalizada. A “pequena fazenda familiar explorada” é exaltada como símbolo moral, enquanto o “agronegócio empresarial” é apresentado como predatório e insensível.
O efeito cascata: da alfabetização às universidades
Esse viés ideológico não se limita ao ensino médio, ele começa cedo, em livros da pré-escola e séries iniciais, o agro aparece reduzido a imagens simplistas: tratores que destroem florestas, monoculturas como inimigas da biodiversidade, boi como sinônimo de poluição, trabalho análogo a escravidão e outras simbologias que realmente nos assusta.
Nos anos finais e no ensino médio, a retórica se intensifica: textos de geografia descrevem o agronegócio apenas como latifúndio explorador, materiais de biologia reduzem o debate agrícola ao uso de “veneno”, sociologia e história abordam o campo exclusivamente a partir de conflitos, quase sempre sem contextualizar avanços tecnológicos, produtivos e socioambientais.
Na universidade, esse ciclo se fecha, muitos cursos de humanas reforçam a crítica estrutural ao agro, produzindo trabalhos acadêmicos que retroalimentam essa visão e servem, mais tarde, como base para a elaboração dos próprios livros escolares. Um círculo vicioso se instala: formação enviesada – produção de material enviesado – perpetuação do viés.
Os impactos na sociedade: preconceito e desinformação
O reflexo desse processo do agro nas escolas é direto, já que jovens chegam à vida adulta com uma percepção distorcida: o agro seria responsável por destruir florestas, envenenar alimentos e explorar comunidades, enquanto pouco ou nada se fala sobre:
- uma produção de alimentos que sustenta 1 bilhão de pessoas no mundo;
- a liderança do Brasil em agricultura de baixo carbono;
- sistemas regenerativos como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF);
- avanços em biotecnologia, conectividade e mecanização inteligente;
- o papel central do agro no superávit da balança comercial brasileira.
Quando a educação falha em mostrar a realidade completa, não forma cidadãos críticos, forma cidadãos preconceituosos. Esse preconceito se reflete no debate público, na formulação de políticas e até na maneira como o jovem urbano se relaciona com sua alimentação.
Ideologia x ciência: o erro de não atualizar
A associação De Olho no Material Escolar (DONME) contratou um estudo realizado pela FIA, instituição de ensino superior vinculada a professores da FEA-USP, com o objetivo de avaliar o conteúdo de livros didáticos. A análise contemplou 94 obras utilizadas no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), programa do governo federal responsável por distribuir material às escolas públicas em todo o país.
Os resultados apontaram 746 referências negativas ao agronegócio, contra 472 positivas. Outro dado relevante é que apenas 3% das informações apresentadas trazem respaldo científico, sendo a grande maioria de caráter opinativo.
“Isso mostra o quanto os materiais estão distantes da realidade do setor produtivo”, destacou Letícia Jacintho, presidente da DONME.
Concluímos que o agro de 2025 não é o mesmo de 1995, tecnologias de satélite, drones, big data, bioinsumos e práticas regenerativas transformaram a forma de produzir. Entretanto, os livros seguem presos em narrativas antigas, porque aqueles que produzem, revisam e aprovam o conteúdo frequentemente enxergam o agro pela lente da militância, não da ciência.
O caminho da renovação
Não se trata de censurar críticas, o agro deve, sim, ser questionado em seus excessos e responsabilizado por seus impactos, assim como todos os setores produtivos. Mas é preciso equilíbrio. O que está em jogo é dar aos alunos a oportunidade de conhecer a realidade em sua complexidade: os problemas e as soluções, os desafios e as conquistas.
Para isso, alguns passos são urgentes:
- Diversidade de fontes: incluir cientistas, produtores, cooperativas e pesquisadores das áreas agrárias na elaboração dos materiais.
- Revisão periódica: criar processos que permitam atualização a cada ciclo tecnológico, não a cada década.
- Formação docente: investir em capacitação dos professores, para que eles tenham contato com práticas reais do campo e possam transmitir conhecimento baseado em evidências.
- Abertura ao contraditório: o livro não deve ser cartilha ideológica, mas espaço de pluralidade.
O futuro nasce das páginas das verdades
O Brasil será cada vez mais cobrado como protagonista da segurança alimentar e da sustentabilidade global. Mas se suas próprias crianças e jovens crescem ouvindo que o agro é vilão, como vamos sustentar esse papel estratégico?
Permitir que livros didáticos continuem cristalizando uma narrativa parcial e ideológica significa enfraquecer o setor mais competitivo do país e criar uma barreira cultural entre o campo e a cidade.
É hora de atualizar não apenas as práticas agrícolas, mas também o que se ensina sobre elas. A nova economia verde positiva, baseada em ciência, tecnologia e responsabilidade socioambiental, precisa ser apresentada às novas gerações, caso contrário, continuaremos reféns de um ensino que ensina menos sobre agricultura e mais sobre ideologia.
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