quarta-feira, dezembro 10, 2025

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Nova fronteira do agro: 10 inovações chave de 2025 que blindaram a agricultura brasileira para o futuro!

Nova fronteira do agro: a inovação no Brasil, como tenho defendido, não é apenas uma questão de melhoria agronômica; ela é, sobretudo, estratégica e de modelo de negócio.

A fronteira do agro não é mais de invenção, mas sim de implementação. Precisamos escalar a infraestrutura e a qualificação humana para garantir que o avanço tecnológico se traduza em maior competitividade, rentabilidade e sustentabilidade para toda a nossa cadeia produtiva.

O agronegócio brasileiro não está apenas crescendo; ele está, na verdade, passando por uma reconfiguração profunda de seus modelos de negócio e de sua infraestrutura tecnológica.

O ano de 2025 marca para nós um ponto de inflexão, onde a necessidade global por produção alimentar sustentável e a urgência da resiliência climática convergem com a digitalização acelerada da cadeia de valor.

A inovação no Brasil, como tenho defendido, não é apenas uma questão de melhoria agronômica; ela é, sobretudo, estratégica e de modelo de negócio. Ela se torna a nossa resposta estrutural a uma crise de gestão e fluxo de caixa que observamos em 2024, sendo impulsionada pelo imperativo global de P&D focado em soluções biológicas e de precisão. Não há como negar: a crise climática é a principal causa da inovação de produto que vemos em 2025.


Por que a inovação ainda não chegou a todos? Nossas barreiras estruturais

Apesar de termos excelência nas inovações de produto (genética e biológicos), a plena realização do potencial desses breakthroughs em 2025 no Brasil esbarra em dois grandes fatores estruturais que precisamos resolver: conectividade e capital humano.

  • O Vazio da Conectividade Rural: A falta de uma infraestrutura de 4G/5G adequada no campo é o principal obstáculo. Ela impede a adoção massiva de plataformas preditivas de gestão (Breakthrough #6) e o funcionamento eficiente do Maquinário Autônomo (Breakthrough #8). Pensem bem: a expansão da conectividade rural é uma política pública indispensável para que a agricultura de precisão não fique restrita apenas ao nicho dos grandes produtores.
  • A Crise de Talentos (Capital Humano): A tecnologia não está aqui para eliminar pessoas, mas para exigir uma reorientação do nosso capital humano. Precisamos de gente especializada para operar máquinas autônomas, interpretar dados agronômicos complexos e manusear os sistemas de IA. A carência de mão de obra qualificada é um limitador real. Por isso, o investimento contínuo em treinamento e qualificação é fundamental.

Os 10 principais breakthroughs do agronegócio brasileiro em 2025 (Do produto à estratégia)

O verdadeiro sucesso em 2025 reside na interconexão das inovações de produto com a transformação do nosso modelo de negócio. O grande breakthrough nacional é a transformação do nosso canal de distribuição e gestão, que cria a fundação para a adoção eficaz de todas as inovações biológicas e genéticas.

1. Cultivares editadas por CRISPR (Geração Pós-Transgênica):  Aceleração genética para resiliência

O avanço da Edição Genômica (CRISPR/Cas9) está reescrevendo as regras. O impacto mais imediato é a aceleração no desenvolvimento de variedades resilientes, principalmente as tolerantes à seca – um risco enorme com a ameaça do La Niña. O CRISPR permite criar cultivares que mantêm a produtividade mesmo com pouca água, e o fazemos em uma fração do tempo do melhoramento tradicional. Esse ganho de resiliência é um seguro contra a volatilidade do clima.

O grande breakthrough é que, enquanto o melhoramento tradicional levaria 10 a 15 anos de cruzamentos e seleções para introduzir e estabilizar essa característica de tolerância, a edição genômica permite que o protótipo da planta resiliente seja criado e testado em uma fração desse tempo (potencialmente 2-4 anos para o conceito, mais o tempo regulatório).

As grandes empresas de sementes e biotecnologia agrícola (como a Corteva com suas plataformas de edição genômica) estão ativamente usando essa tecnologia para acelerar pipelines de desenvolvimento de variedades mais robustas para enfrentar a volatilidade climática e os riscos como o La Niña, que historicamente causam secas severas em regiões produtoras.

2. Híbridos/Variedades com proteção multifacetada (TYMIRIUM®): Estabilidade do rendimento como prioridade

O TYMIRIUM® (Tianeptix™) é o ingrediente ativo químico desenvolvido pela Syngenta que proporciona a proteção sistêmica e robusta contra nematoides e fungos de solo. A inovação não está apenas na molécula, mas em como ela é integrada aos produtos genéticos de alto desempenho.

A inovação aqui é a entrega de uma proteção intrínseca (genética) combinada com uma proteção extrínseca (química) de alta potência (TYMIRIUM®) na semente.

Essa abordagem multifacetada é o “seguro” que o produtor precisa, pois:

  • Mitiga o Risco Inicial: O TYMIRIUM® protege a plântula nos seus primeiros estágios, quando ela é mais vulnerável.
  • Complementa a Genética: Mesmo híbridos com alguma resistência genética a nematoides se beneficiam da proteção química para garantir que o potencial produtivo seja totalmente alcançado, sem o estresse inicial que compromete o desenvolvimento radicular.

3. Bioinseticidas (Bt) de alta performance: O imperativo da qualidade nos biológicos

O mercado de biológicos cresce, mas precisa de qualidade. O breakthrough em 2025 é a elevação do padrão de qualidade. Isso vem do avanço da biotecnologia que permite o genome mining de novas cepas de Bacillus thuringiensis (Bt), resultando em formulações de nova geração (com novos genes cry/vip) que superam a resistência das pragas. Esse é o caminho do P&D robusto e resultados confiáveis que venho insistindo, filtrando os produtos de curto prazo.

O Breakthrough do P&D Robusto

O ponto crucial é a migração de bioinseticidas commodity (baixa estabilidade e formulação simples) para bioinseticidas de nova geração com:

  • Novas Cepas/Genes: Toxinas Bt que o inseto ainda não viu.
  • Formulações Otimizadas: Que garantem a sobrevivência e a eficácia da bactéria/toxina no campo, mesmo sob radiação UV.
  • Controle de Qualidade: Rigoroso para assegurar a concentração e a viabilidade da toxina no produto final, resolvendo a crítica de “baixa qualidade” do mercado biológico.

A Embrapa é fundamental no genome mining de cepas de Bacillus thuringiensis isoladas no Brasil, que podem ter novas combinações de toxinas (como novos Cry/Vip) eficientes contra as pragas brasileiras que desenvolveram resistência.

4. Bioestimulantes Otimizadores da Resiliência ao Estresse Hídrico: A Defesa fisiológica contra o clima

Os bioestimulantes de nova geração são uma solução fisiológica essencial para lidar com os estresses abióticos. Eles modulam a resposta da planta ao estresse. Com a ameaça de La Niña, a capacidade de proteger processos celulares e enzimas durante picos de calor ou seca é fundamental para evitar a queda de produtividade. É uma ferramenta sofisticada de mitigação de risco.

Além do YIELDON™ da Syngenta, empresas como a Tradecorp utilizam formulações avançadas de aminoácidos e peptídeos de alta pureza (como a Prolina) obtidos por hidrólise enzimática. A Prolina atua como um osmolito de estresse, protegendo as estruturas celulares da desidratação e do choque térmico. Outras empresas, como a Ascenza, focam em extratos de alga marinha (Ascophyllum nodosum), ricos em betaínas e polissacarídeos, que melhoram o estado hídrico e a fotossíntese sob estresse. Esses produtos se diferenciam por sua ação molecular, que permite à planta reter água e manter sua fisiologia sob condições climáticas adversas.

5.Soluções de microbioma “High-Performance” e ESG

A inovação se concentra em três pilares interligados que elevam os bioinsumos ao status de ferramenta ESG:

  • Multi-Ação e Formulação de Precisão

Os produtos de nova geração não são usados apenas para um fim (ex: fixar nitrogênio). Eles utilizam o conceito de Coinoculação (combinação de diferentes microrganismos, como rizóbios e Azospirillum) ou cepas modificadas que desempenham múltiplos papéis:

  • Bionutrição: Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) e Solubilização de Fósforo (P) e outros nutrientes.
  • Bioestimulação: Produção de fitohormônios que induzem maior desenvolvimento radicular.
  • Biocontrole: Atuação como antagonistas contra patógenos de solo.

A Symbiomics uma AgTech brasileira de nova geração focada em “engenharia” do microbioma. Utiliza sequenciamento genético e machine learning para identificar e desenvolver cepas microbianas com desempenho superior e múltiplos modos de ação, especialmente para culturas não leguminosas (ex: milho e trigo).

  • 2. O Solo como Sumidouro de Carbono (Carbon Sequestration)

Este é o link direto com o pilar E (Ambiental) do ESG. Ao promover o crescimento vigoroso das raízes e a saúde do solo, os microrganismos aumentam a Matéria Orgânica do Solo (MOS).

  • Mecanismo: O aumento da MOS (biomassa de plantas e microrganismos) significa que mais Carbono Atmosférico (CO₂) foi capturado pela fotossíntese e armazenado no solo (sequestro).
  • Mitigação de Emissões: O uso de microrganismos para FBN (Bradyrhizobium e Azospirillum) substitui parcial ou totalmente o uso de fertilizantes nitrogenados químicos, cuja produção e uso são grandes emissores de GEEs (gases de efeito estufa).
  • 3. Acesso ao Mercado Verde (Financiamento ESG)

Empresas e produtores que comprovam o aumento do sequestro de carbono e a redução da pegada hídrica e de carbono com o uso de bioinsumos estão se qualificando para:

  • Créditos de Carbono: Geração de créditos negociáveis no mercado voluntário.
  • Financiamento Verde: Acesso a linhas de crédito com juros menores e exigências de due diligence das cadeias de supply chain globais.

Grandes tradings como BUNGE  e produtores Scheffer que adotam certificações internacionais como a regenagri (certificação de agricultura regenerativa). Essa certificação exige a comprovação do aumento da MOS e da redução do impacto ambiental.

6. Plataformas preditivas de gestão com IA (Real-Time Decisions): A IA como motor da eficiência econômica

A IA é o catalisador da Agricultura de Precisão. O breakthrough é a proliferação de plataformas que integram dados agronômicos, operacionais e financeiros em tempo real, gerando insights preditivos sobre riscos climáticos e logística. A IA é o motor da eficiência econômica, otimizando o uso de defensivos e reduzindo custos. Essa tecnologia tem a função profundamente humana de devolver tempo aos profissionais para cuidar do relacionamento com o produtor.

A Bayer Crop Science com o Climate FieldView™ e a Syngenta com a plataforma Cropwise™ são exemplos líderes. Essas plataformas usam Machine Learning e imagens de satélite/drones para cruzar dados meteorológicos e históricos de doenças. A IA não apenas monitora a lavoura, mas gera mapas de aplicação de taxa variável ultra-refinados de fertilizantes e defensivos. Isso garante que o insumo seja aplicado somente onde há necessidade. Além disso, a IA preditiva permite o posicionamento ideal de um defensivo antes que uma praga, como a cigarrinha do milho, atinja níveis econômicos de dano. AgTechs como a Aegro também focam na integração de gestão, usando a IA para otimizar a logística e o planejamento financeiro, liberando o tempo do agrônomo para o campo.

7. O “Distribuidor 10.0” (Modelo híbrido otimizado): A Reinvenção da Nossa Estrutura de Negócio

Este é, na minha opinião, o breakthrough de modelo de negócio mais importante, pois é o facilitador de todas as outras inovações. O conceito surge como resposta direta às falhas de gestão de fluxo de caixa e à desconexão com o produtor que vimos em 2024. O Distribuidor 10.0 integra canais digitais e físicos, usando a digitalização para solucionar ineficiências logísticas, facilitar o acesso ao crédito e otimizar estoques. Empresas como Coopercitrus, Ouro Safra e Três Tentos mostram essa transformação, recolocando o agricultor no centro da estratégia.

8. Maquinário Autônomo e Ultra-Precisão (VRT 2.0): Automação na linha de frente

O breakthrough são as máquinas de grande porte com tecnologia embarcada e recursos de automação que elevam a precisão da aplicação de insumos a um novo patamar, consolidando o VRT (Taxa Variável) 2.0. Essa evolução não só evita o desperdício, mas também garante que cada semente ou gota de defensivo seja posicionada de forma ideal, maximizando o retorno sobre o investimento e reduzindo o impacto ambiental.

A Inovação: O Sistema como um todo

O VRT 2.0 depende de:

  • Sensores e Câmeras: Tecnologia de visão computacional que escaneia a lavoura em tempo real.
  • IA Embarcada: Processamento imediato dos dados para determinar a necessidade.
  • Bicos e Dosadores Individuais (Controle Secção a Seção): Capacidade de variar a taxa de aplicação ou desligar seções em metros ou centímetros quadrados, garantindo a ultra-precisão do insumo conforme o mapa de prescrição gerado pela IA.

A Jacto, líder brasileira em pulverização, utiliza sistemas avançados como a modulação por largura de pulso (PWM), que permite ao bico manter o tamanho da gota constante mesmo variando a taxa de aplicação. Isso garante a eficácia do produto, essencial para o VRT 2.0.

O See & Spray™ Ultimate (Tecnologia de Aplicação) da John Deere, utiliza câmeras e IA embarcada para identificar a erva daninha em tempo real (diferenciando-a da cultura principal) e aplicar o herbicida apenas sobre o alvo. O Brasil está recebendo a expansão dessa tecnologia que pode gerar uma economia de até 70% no volume de defensivos em aplicações spot (pontuais).

9. Amônia e Fertilizantes verdes – Consolidação de projetos piloto : Segurança nacional e descarbonização

A consolidação de projetos de Hidrogênio Verde e Amônia Verde no Brasil em 2025 é um breakthrough estratégico que visa a descarbonização dos fertilizantes e a redução da nossa dependência externa. O Brasil é vulnerável a choques de preço. Embora a produção em escala venha em 2027, 2025 é o ano crucial para o aporte de capital e a inovação tecnológica. Projetos como o da AES Brasil para produzir amônia verde demonstram a seriedade do investimento.

10. Biofábricas modulares e On-Farm: Produção descentralizada

O último grande breakthrough é a democratização da produção de bioinsumos através das Biofábricas Modulares e On-Farm. Essa tecnologia permite que cooperativas, holdings agrícolas ou até mesmo grandes fazendas produzam seus próprios microrganismos (como Trichoderma ou Bacillus) em pequena escala, no local de uso.

Essa inovação tem um forte apelo no Brasil por oferecer independência, redução de custo e aumento da viabilidade (o produto é usado fresco, no auge de sua eficácia). Empresas como a Microquimica/Acadian e diversas AgTechs como a HUBIO  têm investido no desenvolvimento e no fornecimento de biorreatores e kits de multiplicação para o uso on-farm.

Embora a produção on-farm exija rigoroso controle de qualidade para garantir a pureza da cepa, a inovação está sendo impulsionada pela necessidade de grandes produtores e cooperativas de reduzir o custo dos insumos, especialmente em grandes culturas como soja e milho. A tendência é que a produção descentralizada de biológicos se torne um ativo estratégico das grandes empresas agrícolas no Brasil.


Nosso protagonismo global: Continuar a inovar é o caminho

A convergência desses 10 breakthroughs em 2025 é o que consolida o Brasil como um líder global em agricultura resiliente sob estresse climático.

A velocidade com que desenvolvemos biotecnologia (CRISPR) e biológicos avançados, e nossa capacidade de integrar isso em um ecossistema digital (IA e VRT), transforma o agronegócio nacional em um laboratório de soluções exportáveis para a segurança alimentar global.

A fronteira do agro de 2025 não é mais de invenção, mas sim de implementação. Precisamos escalar a infraestrutura (Distribuidor 10.0 e conectividade) e a qualificação humana para garantir que o avanço tecnológico se traduza em maior competitividade, rentabilidade e sustentabilidade para toda a nossa cadeia produtiva.

Renato Seraphim destaca para o fato de não existe crise no agronegócio, mas um ajuste cíclico que expõe as vulnerabilidades do setor diante de gargalo logístico, volatilidade e necessidade de agregar valor do produto! Clique aqui e saiba mais!

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