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Preço do boi gordo encerra 2021 na máxima e o que esperar para 2022?

O preço do boi gordo encerrou 2021 em grande estilo, renovando a máxima histórica nominal do indicador Cepea.

Em 2021 o boi gordo (Cepea) acumulou alta de 22,9%, variando entre R$273,7 a R$336,5 por arroba entre o início e o final do ano. No ano o preço alcançou a mínima de R$254,1 por arroba em outubro e a máxima de R$336,5 por arroba justamente no último dia útil de 2021 após a retomada das importações de carne bovina brasileira pelos chineses. Com o retorno das compras pelo maior importador brasileiro, a expectativa positiva foi renovada, impulsionando os preços no final do ano. Isso porque a perspectiva é que as vendas para a China aumentem ainda mais em 2022!

E o que impulsionou essa alta? E, principalmente, será que a expectativa desse cenário favorável ao preço do boi gordo se mantém em 2022?

O ano de 2021 foi marcado por restrição de oferta, aliás a mais baixa dos últimos anos, apesar do consumo interno fraco. Mas se por um lado o mercado doméstico segue enfraquecido e com recuperação lenta diante das incertezas quanto a retomada do crescimento econômico robusto em um cenário pós-covid, com inflação em alta, as exportações de carne bovina seguem firmes e em 2021 ficaram abaixo apenas do resultado observado em 2020. Vale lembrar que apesar do resultado financeiro recorde em 2021, os embarques ficaram abaixo de 2020, pelo menos avaliando os dados no acumulado até novembro.

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A restrição na oferta de animais para abate fez com que o abate de bovinos em 2021, no 3° trimestre, por exemplo, fosse o menor em 15 anos (clique aqui). E a baixa disponibilidade de animais para abate foi decorrente, principalmente, da pouca intenção de abater fêmeas em um cenário de preços recordes do bezerro. Pois é, com o bezerro renovando as máximas, a atividade de cria segue estimulada e, por consequência, a taxa de abate de vacas em 2021 foi a menor da história.

A taxa de abate de vacas em relação ao total de bovinos abatidos no 3° trimestre de 2021 foi a menor para o período. Clique aqui e confira os dados!

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E afinal de contas, será que a oferta de animais para abate deve aumentar em 2022? O preço corrigido do bezerro alcançou em 2021 o terceiro ano consecutivo de alta, estimulando a retenção de fêmeas, especialmente em 2020 e 2021. É o famoso ciclo pecuário de longo prazo, regido pelo comportamento de preço do bezerro. O fato é que a retenção de fêmeas tem por consequência o aumento da oferta de animais nos anos seguintes, respeitando o ciclo da atividade. Em outras palavras, em 2022 não deve ser esperado um aumento significativo de oferta e, claro, não devemos esquecer que por mais que haja uma maior oferta prevista para o futuro, não podemos deixar de avaliar também a demanda, tanto interna quanto externa. Dizemos isso pois o aumento de oferta não necessariamente é refletida na queda dos preços, já que uma análise da expectativa do aumento de demanda deve igualmente ser realizada.

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Olhando para o mercado, a demanda interna deve seguir em lenta recuperação em 2022, já que é um ano de eleição, incertezas tanto aqui como lá fora relacionadas a covid e com aparente manutenção de um poder de compra do consumidor mais restrito. Mas se no mercado doméstico as perspectivas não são das melhores, no mercado externo o cenário é bem diferente.

E por falar na tendência dos dados ao longo da última década, o Farmnews apresenta os dados da exportação de carnes do Brasil, tanto bovina, frango e suína do Brasil, entre janeiro e novembro, de 2012 a 2021. Clique aqui e confira!

Embora o mercado é repleto de incertezas e embora apresentemos dados que possam apresentar algum cenário mais provável para 2022, o que podemos afirmar sem dúvidas é que o mercado futuro do boi gordo projeta preços ainda melhores para o ano que se inicia. E isso pode ser exemplificado para o contrato com vencimento em maio de 2022 (BGIK22) que em dezembro de 2021 alcançou o maior valor esperado até aquele momento, acima de R$330,0 por arroba. Clique aqui e saiba mais!

E além da oferta e demanda, o custo de produção em 2022 deve pressionar ainda mais as margens do pecuarista. Em 2021, a relação de troca de bezerros por boi gordo foi a pior da história, colocando um desafio ainda maior para aqueles que dependem da cria de terceiros para a reposição do rebanho.

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E não podemos esquecer que não é apenas o custo da reposição que vai pressionar as margens em 2022. Os demais insumos como fertilizantes, medicamentos, mão-de-obra etc tem igualmente apresentado forte alta e isso vai trazer um desafio ainda maior para o resultado da atividade no ano que está apenas começando. As perspectivas seguem otimistas, mas como sempre comentamos, preços altos não necessariamente implicam em margens altas, principalmente no agronegócio, como o pecuarista bem sabe!

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Ivan Formigoni

Zootecnista, Fundador do Farmnews e interessado em fornecer informações úteis aos nossos leitores!

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