O preço futuro do boi gordo para outubro caiu para o menor patamar desde fevereiro em julho (10), reflexo da tarifa aplicada pelos EUA aos produtos importados do Brasil.
O mercado futuro do boi gordo que já vinha pressionado desde junho, intensificou a perda com a polêmica decisão do governo dos EUA em aplicar uma taxa de 50,0% para os produtos importados do Brasil.
A queda no preço esperado do boi gordo é, em partes, justificada porque os EUA se tornaram o segundo maior importador de carne bovina do Brasil em 2025, mais que dobrando as compras na primeira metade do ano frente ao mesmo período de 2024 (clique aqui). Os EUA é um importante comprador de carne bovina brasileira, participando com 12,1% dos embarques totais do Brasil na primeira metade de 2025.
Por outro lado, em junho o ritmo de compra de carne bovina do Brasil pelos EUA já havia caído em relação ao mesmo período do ano anterior (Tabela), com a participação do país inclusive menor que a do México. Em outras palavras, mesmo com o recorde de exportação de carne bovina para um mês de junho, em 2025 (clique aqui), a compra dos EUA caiu sensivelmente frente ao mesmo período do ano anterior.
A Tabela apresenta os dados de importação de carne bovina in natura do Brasil, por país comprador, em mil toneladas, no mês de junho de 2024 e 2025, segundo dados do COMEX.

O que estamos querendo dizer com isso? Os EUA são sim um importante mercado de exportação de carne bovina do Brasil, mas, os dados de junho mostraram que outros países têm também aumentado o ritmo de compra, o que deve minimizar o efeito negativo da tarifa dos EUA.
Claro, o mercado futuro do boi gordo tem um forte componente especulativo e é comum que nesses momentos de instabilidade algum exagero possa acontecer, seja na queda como na alta. É o que entendemos que ocorreu em julho (10).
A Figura abaixo apresenta dados de preço do boi gordo no mercado físico (Datagro) e dos contratos futuros, segundo B3, entre julho de 2025 e fevereiro de 2026, em Reais por arroba, no dia 10 de julho, considerando os valores do ajuste.

O preço futuro do boi gordo acumulou forte queda em julho (10), com perda maior para os contratos mais próximos do vencimento.
O contrato que vence em julho caiu R$7,0 por arroba, voltando inclusive a ficar abaixo da referência no físico (Figura acima). Foi a maior queda entre os contratos em aberto e de maior liquidez na B3. Por outro lado, os contratos de novembro e dezembro caíram menos, evidenciando um cenário que mantém uma maior cautela em precificar quedas mais expressivas em um período do ano em que os preços do boi gordo devem estar pressionados, para cima (clique aqui).
Esses momentos de instabilidade e fortes oscilações de preço tendem a aumentar a insegurança do pecuarista, o que é ruim. Mas entendemos ser uma queda momentânea e, apesar da intensidade da perda em julho (10), os fundamentos de oferta e demanda não se alteram e o cenário segue otimista.
A tarifa dos EUA sobre os produtos importados do Brasil tem ganhado repercussão, não apenas devido ao impacto nas vendas, mas também na compra de insumos. Isso porque além de um importante mercado consumidor de produtos do agro brasileiro, especialmente de produtos florestais, café, carne bovina, sucos como destacamos (clique aqui), os EUA igualmente vendem insumos agrícolas para o Brasil, como fertilizantes.
E o mercado de fertilizantes que já vinha em alta e volátil, especialmente após o conflito no Irã (clique aqui), pode ganhar mais um componente de valorização. Caso o Brasil aplique o mecanismo de reciprocidade, os fertilizantes importados dos EUA pelo Brasil devem subir, já que igualmente receberão uma tarifa de 50% quando entrarem no País. Clique aqui!
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