Inovação

Computação quântica e o agronegócio: próxima safra de inovação em teste!

O Farmnews Indica

A computação quântica começa a encontrar aplicações-piloto em otimização logística, sensores de solo de altíssima sensibilidade e modelagem molecular de insumos agrícolas.

Nas últimas décadas, o campo brasileiro abraçou tratores autônomos, sensores de solo e softwares de gestão. Todas essas ferramentas trabalham sobre o mesmo alicerce: computação tradicional, cujos “tijolos” são os bits – minúsculos interruptores eletrônicos que registram apenas 0 ou 1. Cada cálculo, do preço da soja à rota do caminhão, é o resultado de bilhões de bits girando muito rápido, mas sempre de forma linear: primeiro uma conta, depois outra.

Computação quântica muda esse jogo porque troca o bit pelo qubit. Graças a fenômenos da física quântica, um qubit pode estar em 0 e 1 ao mesmo tempo (superposição) e “sentir” instantaneamente o estado de outros qubits mesmo a distância (emaranhamento). Isso permite que um processador quântico explore milhares de caminhos de cálculo de uma só vez, como se comparasse simultaneamente todas as rotas para entregar o café ou todas as combinações de nutrientes para adubar a lavoura.

Não significa que o notebook será substituído amanhã. Os computadores quânticos atuais ainda são experimentais, frios como o espaço sideral e sensíveis a qualquer ruído. Mas, mesmo nessa fase inicial, já mostram vantagem em três frentes cruciais para o agro:

  1. Otimização complexa – escolher em segundos a melhor sequência de colheita para dezenas de máquinas em centenas de hectares.
  2. Simulação de moléculas – acelerar o desenvolvimento de fertilizantes mais eficientes e de baixo carbono.
  3. Sensoriamento ultrafino – detectar, via princípios quânticos, diferenças mínimas de umidade ou compactação do solo que escapam aos sensores convencionais.

Pense na computação quântica como um novo “motor” ainda em bancada de testes, mas que promete puxar implementos mais pesados, gastar menos combustível digital e abrir caminhos antes impossíveis. Esse motor pode transformar a cadeia produtiva do agronegócio em três horizontes de tempo (curto, médio e longo prazos) – e a importância de acompanhar desde já essa próxima safra de inovação.

A Revolução Quântica no Agronegócio: impactos em três horizontes de tempo.

A computação e a detecção quânticas combinam superposição, emaranhamento e interferência para ultrapassar os limites da informática clássica.

Embora ainda emergente, a computação quântica já saiu dos laboratórios e começa a encontrar aplicações-piloto em otimização logística, sensores de solo de altíssima sensibilidade e modelagem molecular de insumos agrícolas.

Linha de base (2025).

  • Processadores NISQ de 100-200 qubits – como o IBM Heron (133 qubits), com erro até 5 × menor que gerações anteriores, formando a base da chamada “era de utilidade quântica”.
  • Sensores quânticos – protótipos de magnetômetros e gravímetros já monitoram umidade, nutrientes e raízes com precisão centimétrica em culturas de alto valor.
  • Otimização híbrida (annealing + IA) – projetos-piloto de roteamento de tratores autônomos e pulverizadores em tempo real, usando nuvens quânticas D-Wave.

Curto prazo (0-5 anos).

Cenário OtimistaCenário Pessimista
Hardware & softwareProcessadores NISQ alcançam 500 qubits, com menor ruído e ferramentas de mitigação open-source. Pequenas e médias cooperativas acessam “Quantum-as-a-Service” para otimizar logística e rotas de colheita.Progresso estagna por gargalos de fabricação de qubits e custos de resfriamento. A maioria dos testes continua limitada a provas de conceito em grandes multinacionais.
SensoriamentoSensores quânticos de campo (LiDAR fotônico, NV-diamond) tornam-se acessórios de drones, habilitando irrigação variável diária e reduzindo o uso de água em até 15 %.Falta de padronização impede integração a ERPs agrícolas; dados ficam “ilhados” em plataformas proprietárias, sem ROI claro para o produtor convencional.
Supply chainAlgoritmos quânticos de roteamento reduzem desperdício pós-colheita em 3-5 % em cadeias de perecíveis.Ganho prático inferior a heurísticas clássicas; marketing “quântico” gera ceticismo e queda de investimentos.

Médio prazo (5-10 anos)

Cenário OtimistaCenário Pessimista
Computação de materiaisQuantum-HPC híbrido simula enzimas da nitrogenase, permitindo novos catalisadores “verde-amônia” 40 % mais eficientes do que Haber-Bosch.Barreiras em correção de erros atrasam máquinas tolerantes a falhas; simulações de química de alta precisão continuam fora de alcance para a maior parte das empresas.
Gestão de risco climáticoModelos climáticos quânticos de altíssima resolução dão previsões microclimáticas hora-a-hora; seguradoras agrícolas ajustam prêmios dinâmicos e produtores mitigam perdas meteorológicas.Desigualdade de acesso: apenas grandes grupos seguradores bancam computação quântica; pequenos produtores ficam sem benefícios e sofrem condições contratuais mais duras.
Segurança & governançaCadeias de suprimento adotam criptografia pós-quântica e rastreabilidade quântica (QKD) para garantir origem e integridade de grãos premium.Adoção fragmentada gera “bifurcação” de padrões; ataques a sistemas legados ocorrem antes da migração completa para algoritmos resistentes ao quantum.

Longo prazo (10-20 anos)

Recomendações estratégicas (para stakeholders de hoje).

  1. Capacitação imediata – forme equipes híbridas de agrônomos e “quantum developers” para experimentar serviços NISQ em problemas de logística e detecção precoce de doenças.
  2. Roadmap de dados – garanta bases de dados limpos e estruturados: o valor da computação quântica é proporcional à qualidade da entrada.
  3. Parcerias público-privadas – invista em pilotos com universidades e fornecedores de hardware para co-desenvolver algoritmos focados em desafios agrícolas específicos, evitando soluções genéricas.
  4. Governança de risco quântico – comece a adotar padrões de criptografia pós-quântica para proteger cadeias de valor e I-III (informações, insumos, ingredientes).
  5. Observatório de política quântica – monitore regulações de exportação de hardware, incentivos fiscais e tratados internacionais que podem acelerar ou travar o acesso à tecnologia.

Na minha humilde opinião…

A tecnologia quântica tem potencial de se tornar tão disruptiva no agronegócio quanto a mecanização no século XX e a agricultura de precisão no início do século XXI. No melhor dos mundos, ela desbloqueará fertilizantes limpos, cadeias logísticas quase sem desperdício, seguros agrícolas hiper personalizados e um balanço climático positivo. No pior, poderá acentuar desigualdades, gerar dependência tecnológica e criar riscos cibernéticos. O destino dependerá das escolhas de investimento, educação e governança que fizermos já na presente década.

Porém, apesar dos riscos, não temos como segurar essa super inovação.

Sidney Regi destacou no Farmnews, inúmeros assuntos e temas relavantes quando o assunto é inovação, como:

  • Fontes de financiamento e onde, de fato, está o dinheiro que sustenta as Agtechs no Brasil (clique aqui);
  • Por que as Agtechs falham? (clique aqui);
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