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Estudo avalia dimensão do abate clandestino no Brasil

Abate clandestino no Brasil pode chegar a quase 15% do total de animais abatidos no País, conclui pesquisa.

Estudo realizado pelo Cepea, da Esalq/USP, estima que o volume de animais abatidos no Brasil sem fiscalização em 2015 corresponde de 3,83% a 14,1% do total abatido.

Para chegar a esses resultados, o Cepea considerou duas abordagens, a da demanda por carne bovina e a da oferta de animais “prontos” para o abate.

Pelo lado da oferta, a estimativa nacional do total abatido sem qualquer tipo de inspeção foi de 14,1%, em 2015. Nesta abordagem, empregou-se a base de dados do Projeto Campo Futuro (parceria entre o Cepea e a CNA), que representa as principais regiões de pecuária bovina do País.

Já na abordagem da demanda, estima-se que o abate clandestino no Brasil em 2015 respondeu de 3,83% a 5,72% do total de cabeças abatidas. As estimativas para este caso foram obtidas a partir de dados do IBGE e dados sobre o autoconsumo de carne bovina nas propriedades rurais brasileiras.

Os pesquisadores acreditam que as limitações de informações para esta estimativa conferem algum grau de subestimação. Um exemplo é a falta de dados mais atualizados sobre o consumo per capita de carne bovina. Uma restrição à estimativa das proporções para os estados é a falta de informações sobre a magnitude do comércio interestadual de carne bovina.

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E por falar em consumo de carne bovina, clique aqui e confira os dados de consumo dos principais países!

Vale ressaltar que o Cepea teve como foco de levantamento dados de Mato Grosso, Rondônia e Pará.

Na abordagem pela demanda, estima-se a quantidade de animais necessária para atender ao volume de carne bovina demandada por estado, seja essa para consumo interno ou para comercialização com outras localidades.

Para cada um dos estados em análise, tal volume é definido pelas seguintes variáveis: consumo de carne bovina estadual, comércio interestadual (animais vivos e carne bovina), exportação, importação e autoconsumo. Esta metodologia evidencia a importância do autoconsumo, uma prática legal e comum na zona rural, mas que não entra nas estatísticas oficiais. A quantidade estimada pelo lado da demanda é confrontada com os dados oficiais de abate divulgados pelo IBGE.

Aliás, clique aqui e confira os dados de abate de bovinos no Brasil ao longo dos últimos anos, de acordo com os números do IBGE.

Cabe ressaltar que os dados oficiais incluem os animais abatidos sob os 3 sistemas de inspeção – federal (SIF), estadual (SIE) e municipal (SIM). A diferença residual entre a estimativa da quantidade demandada e os dados oficiais é interpretada como o abate clandestino.

No caso da abordagem da oferta, estima-se a quantidade de bovinos que estariam aptos para abate em 2015. Esse cálculo é realizado com base nos dados oficiais de rebanho, divulgados pelo IBGE, nas Guias de Trânsito Animal (GTA) e nos índices zootécnicos das fazendas típicas analisadas pelo Cepea, em parceria com a CNA.

Confronta-se, então, a quantidade de animais aptos para o abate com os dados de abates divulgados pelo IBGE, sendo estes, por sua vez, corrigidos conforme a movimentação de animais. Considera-se que a diferença entre as duas variáveis é a quantidade de bovinos abatidos sem qualquer tipo de fiscalização.

Cabe ressaltar que um coeficiente de correção é aplicado, pois as estatísticas consideram animais abatidos no estado, sejam eles produzidos no mesmo estado ou trazidos de outras unidades da federação. Logo, utilizando-se o saldo da movimentação animal entre os estados, obtém-se uma estimativa do abate somente de animais produzidos naquele estado.

O fato é que há desafios para avançar, ainda mais, nas estimativas do abate clandestino.

Além da evidente necessidade de registro e divulgação de estatísticas de movimentação de carnes entre os estados, há oportunidades de se aprofundar os levantamentos de campo para detalhar o autoconsumo de carne nas áreas rurais.

E o Farmnews atualiza os dados do rebanho mundial ao longo das últimas 2 décadas, entre 2000 e 2019. Clique aqui e confira os números!

O estudo foi coordenado por Sílvia Helena G. de Miranda e Sergio De Zen, que contaram com a equipe de pesquisadores: Ana Paula Negri, Caio Monteiro, Giovanni Penazzi, Gabriela Ribeiro, Graziela Correr, Marianne Tufani, Maristela Martins, Natália Grigol e Regina Rodrigues.

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Ivan Formigoni

Zootecnista, Fundador do Farmnews e interessado em fornecer informações úteis aos nossos leitores!

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