Sustentabilidade

Nova Regulamentação na Europa Promete Impactar a Exportação Brasileira

Fabrício Peres estreia a coluna ESG no Farmnews apresentando os impactos da nova regulamentação na Europa para os produtos do agronegócio.

Os produtores exportadores brasileiros enfrentam um quadro regulatório complexo ao acessar o mercado europeu. Eles devem cumprir normas como a certificação de origem, que garante a procedência das mercadorias, e rigorosos padrões fitossanitários, que protegem a saúde dos produtos. A proteção ambiental se tornou uma prioridade global, especialmente no combate ao desmatamento. Em resposta a isso, a União Europeia lançou a EUDR (Regulamentação sobre Desmatamento) que entra em vigor em 2025.

A Europa é um dos principais destinos das exportações brasileiras, com 14% das exportações de soja e 50% do café exportado indo para esse continente. Em contrapartida, a Europa depende do Brasil para pouco mais de 50% de suas importações de soja e aproximadamente 34% do café.

E por falar no assunto, clique aqui e confira como evoluiu a importação, em faturamento, dos produtos do agronegócio do Brasil pela União Europeia ao longo dos últimos 10 anos.

O Que é EUDR?

A EUDR, ou Regulamentação da União Europeia sobre Desmatamento, é uma lei que visa proteger as florestas, garantindo que produtos como soja, carne bovina, óleo de palma, cacau, café e madeira, importados para a UE, não venham de áreas onde houve desmatamento.

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A nova regulamentação na Europa estabelece diretrizes rigorosas para a certificação da origem dos produtos importados, assegurando que sejam comprovadamente livres de desmatamento.

Um dos principais pontos da EUDR é a proibição de importar produtos que não sejam identificados como livres de desmatamento. Se um produto não puder ser rastreado até uma área não desmatada após 2020, ele não poderá ser vendido na União Europeia. A responsabilidade por essa rastreabilidade recai sobre os importadores europeus através de um “dever de diligência”, onde essas empresas devem monitorar a fonte de seus produtos e as práticas de seus fornecedores, garantindo a conformidade com as normas. Entretanto cabe aos agricultores e empresas exportadoras fornecer tais informações a partir de seus sistemas internos de controle.

Atualmente, a EUDR está em fase de implementação, onde as empresas devem se adaptar às novas exigências e implementar sistemas de rastreabilidade. A partir de 30 de Dezembro de 2025, as regras passarão a valer para médias e grandes importadoras e em 30 de Junho de 2026 para micro e pequenas empresas, com a introdução medidas de fiscalização, exigindo conformidade por parte dos agricultores e exportadores. É crucial que os produtores brasileiros fiquem atentos a essas mudanças e adotem práticas que garantam a origem sustentável de seus produtos, não apenas para atender à legislação, mas também para explorar oportunidades de negócio no mercado europeu, que valoriza cada vez mais a sustentabilidade.

Oportunidades para Produtores Brasileiros

Apesar de sua complexidade, a EUDR apresenta diversas oportunidades para os agricultores brasileiros que se adaptam às suas exigências. Dentre elas, vale a pena destacar:

1) Acesso a Mercado Premium: Cumprir os requisitos da EUDR permite que os agricultores acessem o lucrativo mercado europeu, que valoriza produtos com normas ambientais rigorosas. Segundo a FAO, esse mercado pode oferecer preços de 15% a 25% maiores para produtos com certificações sustentáveis, aumentando a competitividade e diversificando as exportações.

2) Demanda por Produtos Sustentáveis: A crescente demanda por produtos que demonstrem compromisso social e ambiental na Europa é significativa. Um estudo da McKinsey & Company revela que cerca de 60% dos consumidores europeus estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, permitindo que os agricultores adotem estratégias de marketing para obter preços premium.

3) Adoção de Tecnologias Inovadoras: A EUDR incentiva investimentos em tecnologias modernas. Sistemas de monitoramento e técnicas de agricultura de precisão podem aumentar a eficiência produtiva em até 20%, facilitando a documentação para comprovar a conformidade com as normas.

Embora a EUDR traga complexidade adicional a exportação brasileira, ela também oferece oportunidades para que os nossos agricultores se destaquem e conquistem uma fatia maior do mercado internacional, tendo em vista as diversas praticas ja adotadas em nosso país.

Desafios para Produtores Brasileiros

Apesar das oportunidades oferecidas pela EUDR, os agricultores brasileiros também deverão enfrentar diversos desafios. Entre eles, vale destacar:

1) Adaptação às Novas Práticas Agrícolas: Em algumas situaçoes, será necessário revisar as práticas de cultivo e gerenciar a conformidade com a EUDR, o que pode demandar investimentos em treinamento e mudanças operacionais.

2) Obtenção de Certificações: Apesar de nao mandatoria, a adoção de certificações pode facilitar bastante a adequação a norma. Por outro lado, esse processo de certificação pode ser custoso, especialmente para pequenos agricultores que podem encontrar dificuldades para atender aos requisitos e arcar com esses custos.

3) Implementação de Sistemas de Monitoramento: Estabelecer e manter sistemas que garantam a rastreabilidade dos produtos é um desafio que exige gestão cuidadosa e pode necessitar investimentos em tecnologia.

Enquanto a EUDR oferece oportunidades, os agricultores também precisarão enfrentar desafios significativos para se adaptar a este novo cenário regulatório.

Recomendações Finais para Agricultores Brasileiros

Conforme os agricultores brasileiros se preparam para se adaptar à EUDR, é importante que adotem uma abordagem proativa para garantir a conformidade e explorar as oportunidades oferecidas por essa nova regulamentação. A transição para práticas agrícolas sustentáveis não é apenas uma obrigação legal, mas também uma estratégia inteligente para se manter competitivo no mercado europeu.

Dessa forma, destacamos aqui 3 recomendações importantes para os agricultores brasileiros que queiram se adequar a essa nova regulamentação:

  1. Capacitação e Treinamento: É fundamental que os agricultores busquem capacitação e treinamento sobre as novas exigências impostas pela EUDR. Participar de cursos, workshops e treinamentos específicos pode ajudar na compreensão das práticas agrícolas sustentáveis e na implementação de técnicas de rastreabilidade. Isso permitirá que eles se ajustem mais rapidamente às novas normas e melhorem sua competitividade no mercado europeu.
  • Investimento em Tecnologia: Adotar tecnologias modernas para mapeamento, monitoramento e rastreabilidade é essencial. Softwares de gestão e aplicativos que possibilitem o controle da origem dos produtos podem facilitar a documentação e comprovação da conformidade com as exigências da EUDR. Investir em equipamentos que ajudem no manejo sustentável também é um passo importante para atender a esses requisitos.
  • Estabelecimento de Parcerias: Construir parcerias com outras empresas, cooperativas e institutos de pesquisa pode proporcionar suporte valioso no entendimento da adequação e também na transição para práticas agrícolas sustentáveis. Essas parcerias podem oferecer acesso a informações, recursos e expertise, facilitando a adaptação às novas regras e ampliando as redes de comercialização para o mercado europeu.

Além dessas recomendações, vale a pena reforçar que os agricultores tenham o suporte de especialistas em regulamentação e sustentabilidade. Profissionais na área podem oferecer orientação prática e auxiliar na compreensão profunda das exigências da EUDR, além de ajudar na implementação de estratégias que garantam a conformidade e o sucesso nas exportações. Dessa forma, estamos à disposição para ajudar os agricultores brasileiros a fazer a transição para um mercado europeu cada vez mais sustentável e exigente. Com a preparação adequada, é possível não apenas atender às novas exigências, mas também prosperar em um ambiente comercial que valoriza a responsabilidade ambiental e social.

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