Mercado

Importância do engenheiro agrônomo nos campos agrícolas do Brasil

Renato Seraphim (CEO Ciarama Máquinas Agrícolas John Deere) e Francisco Negrini (FCN Consultoria e Treinamento) destacam a importância do engenheiro agrônomo em um cenário dominado pela necessidade de eficiência e ganhos produtivos na agricultura do País!

O engenheiro agrônomo tem se tornado cada vez mais essencial nos campos do Brasil. Na busca por uma agricultura mais eficiente, rentável e sustentável, o conhecimento técnico, a experiência e, principalmente, a presença constante no campo tornaram-se fatores críticos para o sucesso. Não é à toa que cada vez mais vemos engenheiros agrônomos se destacando no agronegócio brasileiro, muitos deles com carteiras de clientes que ultrapassam 100 mil hectares.

Como dizia o grande mestre Dirceu Gassen: “Passou a fase da agricultura de produtos para a fase da agricultura de conhecimento.”

E esse conhecimento só se materializa com a presença constante de um “consultor”, que cumpre sua agenda fielmente conforme o planejamento e entende perfeitamente a relação com as plantas.

A importância do engenheiro agrônomo no agronegócio brasileiro é cada vez maior, diante dos desafios para uma agricultura rentável e sustentável!

Infelizmente, muitos agrônomos ainda preferem permanecer na zona de conforto: Seja na sombra de um galpão jogando conversa fora, ou no escritório do agricultor com ar-condicionado, e preenchendo planilhas. Contudo, realizar visitas regulares para conquistar cada vez mais a confiança do agricultor é o que define o futuro de um agrônomo de sucesso. Aqueles que optam por se acomodar acabarão se tornando dispensáveis e precisarão buscar espaço em outros mercados.

A constante evolução da tecnologia, que está cada vez mais presente no campo, nos obriga a nos comprometer verdadeiramente com nossos agricultores. Caso contrário, estaremos apenas reclamando das dificuldades do mercado, da volatilidade dos preços e da concorrência que reduz valores.

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Hoje, com o espaçamento de plantio da soja de 50 cm e 10 a 15 sementes por metro linear, e sabendo que as folhas são o pulmão da planta, é essencial que elas não sofram danos por pragas e doenças. Danos que afetem cerca de 30% da área foliar, em comparação com o passado, impactam diretamente a fábrica de energia da planta, que são os solúveis. Com menos solúveis, o enchimento dos grãos é prejudicado, resultando em perda de produtividade e, consequentemente, em menor rentabilidade.

Além disso, sabemos que as pragas atacam com mais intensidade pela manhã. O percevejo, por exemplo, inicia seu ataque na parte superior da planta assim que o sol aparece. Quando o sol esquenta, ele desce para o baixeiro, onde continua o ataque, nesse baixeiro, encontramos a ninfa do percevejo que devido à sua baixa mobilidade fica mais fácil de visualizar. De cima da caminhonete é impossível ver essa particularidade da praga.

Como o grão de soja é rico em cálcio, esse mineral acelera o desenvolvimento do aparelho reprodutor do percevejo, intensificando sua reprodução e aumentando a população. Por isso, os pontos de amostragem devem obrigatoriamente incluir as áreas de beira de mato, que são os criadouros dessas pragas.

Com as lagartas, o comportamento é semelhante. Pela manhã, elas se alimentam intensamente na parte superior da planta. Quando o sol esquenta, seu apetite diminui ou elas se alimentam muito pouco, de forma semelhante ao comportamento dos leões no mundo selvagem: eles acordam cedo para caçar, se alimentam, e dormem a maior parte da tarde, voltando a caçar no final do dia ou na manhã seguinte. As baixadas são as áreas preferidas das lagartas, mas elas estão presentes em todos os locais.

A ferrugem, que já foi o fungo de maior importância econômica, perdeu relevância em muitas áreas, mas existem três fatores que ampliam seu potencial de infecção: talhões com maior altitude, molhabilidade mínima de 8 horas e temperatura ambiente entre 18 e 28 graus. Estes são os pontos preferidos da ferrugem e de grande importância, mas para isso é essencial identificar os talhões de altitude, de baixada e de beira de mato para avaliar a presença de sintomas ou utilizar ferramentas digitais que através de inteligência artificial te ajuda a tomar a melhor decisão.

Francisco Negrini, que coescreve este artigo e contribuiu com as questões técnicas, viveu uma situação dessas em 2003, quando a ferrugem apareceu na Bahia, na região de Luiz Eduardo Magalhães, a cerca de 900 metros de altitude, causando uma grande catástrofe para os agricultores daquela região. Tenho certeza de que essa experiência foi o maior aprendizado da vida dele.

Na época, eu era gerente de algodão, sem as habilidades técnicas de um agrônomo conhecedor de campo, mas com a capacidade de reunir grandes profissionais como Luiz Kasuya, José Cláudio de Oliveira, Celito Breda, entre outros. Juntos, começamos a enxergar o cultivo do algodão como a forma mais rápida de recuperação para os agricultores daquela crise.

Assim como os agricultores carregam consigo a utopia da esperança, nós, como engenheiros agrônomos, devemos compartilhar desse mesmo espírito.

Além disso, novos fungos têm ganhado importância, como a Mancha-alvo, Cercospora e Antracnose, cujo controle eficiente ainda ocorre na soja em estágio inicial, e para conhecer isso é fundamental a nossa presença percorrendo os campos e estando nos momentos certos do dia para fazer as observações.

Assim como médicos e dentistas, nós, agrônomos, precisamos utilizar uma variedade de ferramentas, desde as mais simples, como a botina, o pano de batida e a trena, até as mais sofisticadas, como a inteligência artificial, o uso de sensores e imagens de satélite.

Lembro-me de quando me formei, eu invejava os médicos e dentistas, pois dispunham de exames, raios X, ressonâncias, entre outros, enquanto nós contávamos apenas com o conhecimento adquirido e o instinto. Hoje, porém, temos um arsenal de ferramentas digitais que nos ajudam a ser muito mais assertivos e a tomar melhores decisões nas quatro fases do ciclo de cultivo: preparar o solo da melhor forma, plantar no momento certo, cuidar das plantas da melhor maneira possível e colher na hora certa e sem perdas. O conceito de um engenheiro agrônomo moderno requer a integração do analógico com o digital. Isso inclui estar cedo na lavoura, realizando amostragens nas áreas demarcadas até a interpretação de mapas de solo, clima e mercado.

Agindo dessa forma, mantemos o histórico da área sempre atualizado com informações recentes. Esse é o nosso papel como engenheiros agrônomos, atuando como verdadeiros consultores. Não é à toa que, na Ciarama Máquinas, denominamos nossos profissionais de campo como Consultores Estratégicos de Negócios.

Aqueles que não perceberem que a biruta mudou de posição, devido à mudança do vento, correm o risco de falhar na hora de fazer uma aterrissagem perfeita e sem danos.

E além da importância do engenheiro agrônomo, Renato Seraphim já discutiu vários temas importantes para o agronegócio do Brasil, entre eles o de marketing e vendas (clique aqui), da crise no varejo agrícola (clique aqui), das principais agtechs que prometem transformar o agronegócio brasileiro (clique aqui)

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