Sustentabilidade

Homem do campo: superação após 1 ano da tragédia no Rio Grande do Sul

O Farmnews Indica

Há um ano o Rio Grande do Sul foi surpreso por uma das maiores tragédias naturais de sua história e o objetivo aqui é relembrar o acontecimento para valorizar a força do povo gaúcho e do Homem do Campo.

Afinal, precisamos cada vez mais relembrar e valorizar os acontecimentos, especialmente quando eles, embora trágicos, reforçam o que temos de mais belo dentro de nós, de resistir, superar e transformar.

Aliás, temos discutido no Farmnews é importante valorizar aquilo que temos de melhor e isso incluir o campo. O campo, muitas vezes injustiçado pela mídia, vai muito além de alimentar o Brasil, gerar divisas e movimentar a economia, ele tem o poder de inspirar pelo exemplo de trabalho, resiliência e sucesso. Ike Moraes, especialista em política, destacou a importância do agronegócio como exemplo de inspiração para as futuras gerações (clique aqui).

O monumento do Laçador, de pé na entrada de Porto Alegre, não é apenas uma estátua, é um símbolo da alma do Rio Grande do Sul. Inspirado em Paixão Côrtes, figura lendária do tradicionalismo gaúcho, o Laçador representa o Homem do campo, de fibra e coragem, que encara a natureza, o tempo e a história com altivez.

Tal como ele, o povo sulista sempre se manteve firme diante da adversidade, seja nos campos de batalha da Revolução Farroupilha, nas lutas pelo cooperativismo rural, ou nas duras jornadas do dia a dia no campo.

Foi essa mesma bravura que se viu um ano atrás, quando as águas invadiram as cidades, arrancaram lavouras, destruíram sonhos e colocaram à prova tudo o que o gaúcho tem de mais sagrado: sua terra, sua casa, sua fé e sua dignidade. E, mesmo com tudo isso abalado, o povo não se dobrou.

Maio de 2024 ficará registrado como um dos capítulos mais trágicos da história do Rio Grande do Sul. Chuvas torrenciais castigaram o Estado, destruíram mais de 100 municípios, desabrigaram milhares de famílias e devastaram áreas produtivas essenciais para a economia gaúcha e nacional. Um estudo avaliou um impacto de R$88,9 bilhões nos municípios gaúchos afetados pelo desastre.

A omissão institucional e o colapso da infraestrutura

A tragédia no Sul não foi apenas climática, foi também institucional. O colapso que vimos em 2024 é resultado direto de décadas de abandono da infraestrutura básica, da má gestão de recursos e da ausência de uma política nacional séria de adaptação às mudanças climáticas. Leitos de rios assoreados, barragens sem manutenção, planos de contingência ultrapassados e sistemas de drenagem ignorados, tudo isso somado à ineficiência na liberação de verbas emergenciais e à burocracia que mata.

E mais grave: milhões foram liberados, mas grande parte não chegou a quem mais precisava. A dor do povo gaúcho virou manchete, mas ao longo do tempo essa dor que se tornou coletiva e nacional, se silenciou.

A força de um povo que não se curva

O Rio Grande do Sul mostrou ao Brasil o que significa resiliência de verdade. Agricultores que perderam tudo, voltaram para o campo. Comerciantes reabriram seus negócios com o que sobrou. Voluntários mobilizaram doações, montaram cozinhas comunitárias e prestaram socorro onde o Estado falhou.

É impossível não se comover com histórias como a de pequenos produtores de hortaliças da Serra Gaúcha que, mesmo com estufas destruídas, organizaram mutirões entre vizinhos para replantar, ou a de cooperativas do Vale do Taquari que criaram fundos solidários para manter empregos e abastecer comunidades com cestas básicas e alimentos frescos.

Esse é o verdadeiro espírito gaúcho: trabalhador, solidário e incansável, um povo que, mesmo abandonado, não se entrega.

O Agro gaúcho: Potência que resiste

A agricultura do Rio Grande do Sul é um dos pilares do agronegócio brasileiro, destacando-se tanto na produção interna quanto nas exportações:

Representatividade e Valor Econômico

Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária: R$ 119 bilhões em 2024/2025, representando 8,4% do total nacional de R$1,4 trilhão, colocando o estado na 5ª posição no ranking nacional.

Participação no PIB estadual: A agropecuária responde por 9,3% do Valor Adicionado Bruto (VAB) do Rio Grande do Sul, quando somada à agroindústria, essa participação sobe para cerca de 30,0%.

Principais Culturas e Produção

Soja: Produção de 9,4 milhões de toneladas, com faturamento de R$29,0 bilhões. O estado é o 3º maior produtor nacional, contribuindo com 8,0% da produção brasileira.

Arroz: Liderança nacional com 7,7 milhões de toneladas, representando 71,0% da produção do país e faturamento de R$11,0 bilhões.

Trigo: Produção de 5,3 milhões de toneladas, equivalente a 51,0% da produção nacional, com faturamento de R$7,6 bilhões.

Milho: Produção de 3,0 milhões de toneladas, representando 3,0% da produção nacional.

Exportações do Agronegócio

Valor total exportado em 2023: US$16,2 bilhões, o maior valor da série histórica, representando 72,7% das exportações totais do estado.

Perfil dos Produtores

Mais de 440 mil, dos quais aproximadamente 380 mil são do “agronegócio familiar”, e o Cooperativismo tem uma presença muito forte no estado, com cerca de 160 mil estabelecimentos associados a cooperativas.

Mesmo com perdas bilionárias após o desastre de 2024, o agro gaúcho tem sido motor da retomada econômica. Mas não pode fazer isso sozinho, o campo precisa de crédito acessível, de segurança jurídica, de apoio técnico e de incentivos para se manter produtivo e sustentável em tempos climáticos extremos.

A reconstrução total deve vir com propósito, colocando o estado como símbolo de um novo modelo de desenvolvimento: justo, resiliente e ambientalmente responsável. Isso exige, acima de tudo, reconhecer a urgência de uma gestão de riscos climáticos e produtivos bem estruturado, que fortaleça a previsibilidade das safras, assegure canais de escoamento e mitigue perdas recorrentes.

É necessário garantir segurança jurídica ao produtor rural, com estabilidade fundiária, proteção de direitos adquiridos e mecanismos transparentes de acesso a créditos e seguros agrícolas, pois sem confiança institucional, não há investimento, nem futuro.

Essa reconstrução precisa ser acompanhada de governança efetiva e transparente, com políticas públicas claras, integração entre esferas governamentais e a participação ativa de cooperativas, produtores, universidades e comunidades locais. Incluir o povo gaúcho em projetos de economia verde positiva, produzindo com responsabilidade e restaurando a natureza, transformando esse movimento cíclico em fontes de renda, dignidade e pertencimento.

O Laçador Ainda Aponta para o Futuro

A força que corre no sangue dos gaúchos não vem de discursos prontos. Ela vem da lida, da resistência, da união. Vem de um povo que, mesmo sem respostas, reconstrói. Mesmo sem verbas, trabalha. Mesmo sem promessas cumpridas, acredita. A figura do Laçador não se move, mas o seu espírito está em cada produtor que voltou à terra, em cada voluntário que estendeu a mão, em cada família que decidiu ficar, plantar, reconstruir e resistir.

O Sul vai se recuperar 100%, e mais do que isso, está saindo desta provação mais forte, mais fértil e mais sustentável, pronto para seguir alimentando o Brasil e o mundo com a força de sua história e a grandeza de seu povo.

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Bruna Forte

Atuo há 25 anos no mercado corporativo em projetos e consultorias que envolvem tecnologia, ESG, marketing e inovação, trilhei e consolidei uma trajetória em multinacionais de tecnologia atuando estrategicamente nos segmentos da indústria e produção, cadeias produtivas do agro e setor público. Sou especialista em estratégias sustentáveis e de inovação, com o foco na Nova Economia Verde Positiva, liderando projetos que integram a jornada da transformação ESG, nos processos das empresas, impulsionando a competitividade, comunicação assertiva, educação e promovendo a gestão contínua das melhores práticas nos ambientes de negócios. Tenho expertise na estruturação de novos negócios e transformação organizacional, desenvolvendo diagnósticos, diretrizes estratégicas, políticas corporativas e gestão humanizada de equipes, apoiando empresas na implementação de estratégias corporativas e métricas de impacto. Estabeleço articulações e parcerias público-privadas, com o fim de criar conexões que facilitem empresas desenvolver soluções socioambientais inovadoras de impacto na sociedade. Minha experiência no mercado corporativo e ESG pavimentou minha atuação em outras soluções de negócios, em especial no desenvolvimento de projetos de comunicação visual corporativa e industrial com foco no ecodesing, abordando a sustentabilidade para criar experiências de clientes e estratégias de branding para o mercado do Agro. Acredito que toda estrutura de comunicação assertiva e a educação transformadora, são ferramentas poderosas para gerar impacto positivo na sociedade e na criação de pontes entre o campo e a cidade.
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