Quais as reações das entidades do agro pós divulgação do Plano Safra 2025/26?

Apesar do otimismo do governo com a divulgação do Plano Safra, as entidades representativas do agro reagiram com cautela — e em muitos casos, com críticas contundentes.
Plano Safra 2025/26: anúncio histórico, mas reações divididas
Na última segunda-feira (1), o governo federal lançou o Plano Safra 2025/26, apresentado como o maior da história. Foram anunciados R$516 bilhões destinados ao agronegócio empresarial e R$89 bilhões para a agricultura familiar. O anúncio oficial reuniu autoridades, parlamentares e representantes do setor, mas, logo após o evento, ficou claro que o debate vai muito além dos números.
O discurso do governo
O presidente Lula celebrou o Plano Safra como um marco para a agricultura familiar, destacando juros mais baixos para pequenos produtores, incentivo à agroecologia e crédito mais acessível. Em suas palavras, “é o campo produzindo mais, com dignidade, justiça e esperança”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin chamou atenção para as linhas de crédito voltadas à sustentabilidade, recuperação de pastagens e modernização. Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, fez críticas abertas ao Banco Central, apontando que juros altos podem prejudicar o acesso ao crédito.
O outro lado da cerca
Apesar do otimismo oficial, as entidades representativas do agro reagiram com cautela — e em muitos casos, com críticas contundentes.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) afirmou que o plano ficou “aquém da importância do setor” e destacou a ausência de informações sobre o seguro rural, um ponto central para a segurança do produtor.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi direta ao apontar que a redução na equalização de juros vai impactar negativamente os custos, estimando um aumento de mais de R$58 bilhões em despesas financeiras para o setor.
A Sociedade Rural Brasileira também avaliou o plano como insuficiente, reclamando das taxas elevadas e da redução nos recursos para investimento.
Outras entidades, como Abimaq (máquinas agrícolas) e Abramilho, alertaram que os juros altos podem travar compras e investimentos, e que a burocracia continua sendo um gargalo para acesso aos recursos.
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No Congresso
No Congresso, as reações seguiram o tom dividido. Parlamentares ligados ao agro, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o deputado Evair de Melo (PP-ES), criticaram o aumento de juros e a falta de atenção ao seguro rural, chamando o plano de “propaganda” e “afronta ao produtor”.
Por outro lado, parlamentares da base governista, como a deputada Adriana Accorsi (PT-GO), celebraram o maior volume já destinado à agricultura familiar.
O que dizem os especialistas
Especialistas do setor destacaram que, apesar dos números elevados, o poder de compra do produtor pode ser menor do que em anos anteriores, quando se desconta a inflação. Também reforçaram que sem assistência técnica adequada e menos burocracia, muitos produtores — principalmente os pequenos — podem ter dificuldades para acessar as linhas de crédito.
O que fica para o produtor?
O Plano Safra é, sem dúvida, uma política essencial para viabilizar a produção no Brasil. Mas os desafios são claros: taxas de juros elevadas, falta de proteção (seguro rural), dificuldades de acesso e a necessidade de uma política agrícola mais previsível e estável. Independentemente de lado político, os produtores seguem esperando que as promessas saiam do papel e se transformem em crédito efetivo, com condições que realmente cheguem na ponta.
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